28 de julho de 2009


Uma vez, quando era ainda bem pequena, me perguntaram o que eu seria quando virasse gente grande. De cara eu não soube responder e enfim perguntei pra minha mãe o que eu deveria ser. Ela disse que eu tinha que fazer algo que eu gostasse, que me fizesse ter realização tanto financeira quanto profissional. Na hora levei um susto e percebi que ela não havia entendido a pergunta. Deixei pra lá, crendo que o tempo me moldaria e um dia quando eu fosse gente grande eu saberia dizer o que me tornei, mas não queria me limitar a uma idéia fechada de uma adulta feliz e realizada. Eu queria bem mais que isso, mas ainda não sabia ao certo o que queria.
Hoje, vejam que coisa, cresci bastante, não o suficiente, verdade seja dita. Mas não sou mais tão pequena e até tenho algumas ideias formuladas, a maioria delas por moldar eu admito, mas se alguém me perguntar hoje o que eu quero ser quando for gente grande, eu vou saber dizer. Eu responderia, sem pensar duas vezes:
- Quero ser desse jeito aqui mesmo. Quero ter o mesmo sorriso e gostar das mesmas pessoas. Quero continuar sendo a pessoa mais romântica que conheço e espero de coração que eu continue assim tão insuportável e determinada quando o assunto é algo que eu realmente quero. Que eu possa continuar com a minha força de vontade e que eu jamais deixe que alguém interfira na minha vida dando opinião de como devo agir ou pensar. Quero continuar agindo com o coração, fazendo algumas coisas sem pensar, errando e aprendendo com os meus erros. Que eu continue tendo esse bom humor pela manhã e essa mania terrível de chorar por tudo, inclusive com finais de novelas... Quero continuar amando novelas. Tudo que eu quero ser, ser de coração, eu já sou. E é assim que quero continuar sendo.
Daí, sendo bem sincera, deixo claro pra quem quiser ouvir, eu gosto de errar. Deixa eu fazer besteira e me arrepender vez em quando.
Quebrar a cara ajuda a blindar a alma e o coração!
E bom, espero de coração que ser assim, desse meu jeito meio errado, seja o suficiente pra um dia ter o que minha mãe deseja pra mim, sucesso proficional e financeiro.

24 de julho de 2009

Sushi - Marian Keyes [2]

Depois que Lisa deixou Ashling e Clodagh na portaria, obrigou-se a voltar a pé para casa. Era algo que passara a fazer regularmente, para contrabalançar todos os jantares que Kathy a obrigava a comer. Enquanto caminhava, obrigou-se a manter a tristeza a distância. Sou fabulosa. Tenho pais fabulosos. Tenho um novo emprego fabuloso como consultora de mídia. Tenho sapatos fabulosos.
Quando dobrou a esquina de sua rua, viu que alguém da vizinhança se sentava no degrau da porta, à sua espera. O que a surpreendia era que não pegassem as chaves com Kathy e entrassem sem a menor cerimônia, pensou, irônica.
Sentiria falta de todos eles quando voltasse para Londres. Embora Francine vivesse lhe dizendo que não era o caso, pois Lisa receberia tantas visitas, que seria quase como se não tivesse chegado a ir embora.
Mas, afinal, quem estava no seu degrau? Francine? Beck? Mas a pessoa era do sexo errado para ser Francine, alta demais para ser Beck, e... Lisa sustou o passo, ao perceber que era da cor errada para ser qualquer um dos dois. Era Oliver.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou, atônita.
— Vim ver você — respondeu ele.
Ela alcançou a porta e ele se levantou com um largo sorriso branco.
— Vim reconquistar você, paixão.
— Por quê? — Ela enfiou a chave na fechadura e ele entrou atrás dela no vestíbulo. Sentia-se confusa — e estranhamente ressentida. Passara o dia inteiro se esforçando para “tocar a bola para a frente”, e ele lhe dera uma rasteira.
— Porque você é a melhor — disse ele, com toda a simplicidade. E outro sorriso ofuscante.
Ela atirou as chaves na mesa da cozinha.
— Pois chegou um pouquinho atrasado — tornou ela, irritada. — Nós acabamos de nos divorciar.
— Sabe — disse ele, pensativo —, eu me sinto uma merda com esse divórcio. Deu um nó na minha cabeça que você não faz uma idéia! Mas, enfim, não há nada que impeça a gente de se casar de novo — disse, sorrindo. E, quando ela lhe deu um olhar cuja legenda era “Seu filho-da-mãe maluco”, ele insistiu: — Estou falando sério!
Ela lhe lançou outro olhar da mesma família do primeiro, mas, de repente, seus pensamentos ficaram um pouco irrequietos e difíceis de dominar. A idéia de se casar com Oliver de novo era ridícula, mas tentadora. Extremamente tentadora — durante mais ou menos um nanossegundo. Em seguida, ela caiu na real.
E perguntou, brusca:
— Não se lembra de como era horrível? No fim, a gente discutia o tempo todo, era um inferno. Você tinha ódio de mim e do meu emprego.
— Tem razão — admitiu ele. — Mas, em parte, a culpa foi minha. Quando você desistiu de ter um bebê, eu devia ter te dado atenção. Sei que você tentou me contar, paixão, mas eu não queria saber. Foi por isso que fiquei louco da vida quando descobri que você ainda estava tomando a pílula. Mas, se tivesse te dado atenção... Enfim... E você está tão diferente, não é mais tão dura quanto era. Sinto muito, paixão — disse ele, ao ver que ela se encrespara —, mas é a verdade.
— E isso é bom?
— Claro.
Diante de sua expressão cética, ele disse, com brandura:
— Lisa, nós estamos separados há mais de um ano, e a barra ainda não aliviou para mim. Não conheci ninguém que chegasse aos seus pés.
Sua expressão era ansiosa, como que à espera do encorajamento ou aquiescência dela, mas ela não lhe deu nenhum dos dois. Toda a despreocupação que ele sentia ao chegar se esvaíra, e estava subitamente ansioso.
— A menos que você tenha conhecido alguém. Se for o caso, eu tiro meu time de campo — disse, gentil. — E desisto de tentar reconquistar você.
Com uma fisionomia inescrutável, Lisa o encarava, considerando a hipótese de lhe dar um sorrisinho maroto, do tipo talvez-sim-talvez-não. Isso daria um basta naquela situação absurda, perigosa. Do nada, porém, mudou de idéia. Jamais jogara com Oliver, por que haveria de começar agora?
— Não, Oliver, não conheci ninguém.
— Tudo bem — ele assentiu lenta e cautelosamente. — Bom, já posso parar de me roer por dentro. — Após uma pausa nervosa, continuou: — Ainda te amo. Agora que estamos mais velhos e mais maduros — deu um risinho inseguro —, acho que tem tudo para dar certo.
— Acha? — A pergunta foi feita com toda a calma.
— Acho — afirmou ele, categórico. — E, se você estiver interessada, posso me mudar para Dublin.
— Não seria necessário, vou voltar para Londres no fim da semana — murmurou ela.
— Então, Lisa — disse Oliver, com uma expressão extremamente séria —, só resta saber se você está interessada.
Seguiu-se um longo e tenso silêncio. Por fim, Lisa disse:
— Acho que sim. — De repente, sentia-se encabulada.
— Tem certeza?
— Tenho. — Deixou escapar um risinho nervoso.
— Paixão! — exclamou ele, fingindo-se indignado: — Se é assim, por que é que você está me torturando desse jeito?!
Ainda encabulada, ela confessou:
— Eu estava com medo. Eu estou com medo.
— De quê?
— De ter esperança, acho — disse ela, dando de ombros. — Não queria ter nenhuma, porque havia a hipótese de você estar agindo por impulso. Eu tinha que ter certeza da sua certeza antes mesmo de poder pensar no assunto. Porque — confessou, tímida — eu te amo.
— Então não precisa ter medo — prometeu ele.
— Quando foi que você ficou tão ajuizado? — resmungou ela.
Ele soltou uma gargalhada forte e alta, uma gargalhada tipicamente sua, e, de repente, os pensamentos de Lisa simplesmente dispararam, como cães soltos de suas coleiras.
Quanta sorte ela tinha de ganhar outra chance? A extensão integral de sua suprema boa fortuna revelou-se para ela, e ela se sentia no sétimo céu, quase imponderável de felicidade. Nem todo mundo tem uma chance dessas, compreendeu, degustando, pela primeira vez na vida, o valor do momento presente.
Vou fazer tudo diferente dessa vez, jurou de pés juntos. Os dois fariam. E, mais uma coisa, o fecho de ouro, por assim dizer: se dois casamentos entre as mesmas pessoas eram bons o bastante para Burton e Taylor, então também eram bons o bastante para ela. Incapaz de frear sua cabeça eufórica, já planejava um segundo casamento, um festival de plumas e paetês, pompa e circunstância. Nada de fugir para Las Vegas dessa vez — não, fariam tudo como mandava o figurino. Sua mãe ficaria deslumbrada. E eles chamariam a revista Hello! para fotografar a cerimônia...
Como se pudesse ler os pensamentos de Lisa, Oliver exclamou, ansioso:
— Calma, tigresa!

Retirado do livro Sushi de Marian Keyes, capítulo 65.
Ps: Só conto histórias com finais felizes. Diga-se de passagem, que final feliz... Recomendo muito o livro. Mesmo.

21 de julho de 2009

O mesmo quarto. O mesmo desejo.

Nós nos deitamos lá. Os rostos cheios de excitação e felicidade!
Olhar pra cima trazia calma, a luz apagada e todas aquelas estrelas brilhando sobre nós, como se fosse um aviso prévio de toda a perfeição que se seguiria.
Conversamos besteiras e sorrimos juntos como sempre, aquele lugar tão conhecido trazia conforto, inspirava segurança. Ali éramos nós dois a salvo do resto do mundo. Impossível me sentir mais segura, impossível estar mais segura que não nos seus braços, naquela cama, no nosso esconderijo, sob nossas estrelas.
Enfim você me deu um beijo, o primeiro. Incrível como me senti suar frio, senti as pernas tremerem, senti o lugar se mover. Que sensação!
Eu sabia que depois que aquele beijo acontecesse, todo o resto seria incrível. Sempre fomos cúmplices demais pra deixar que o medo tome conta do desejo. Medo é algo que nosso sentimento não nos permite sentir. Mais que isso, é impossível sentir medo ao seu lado, nos seus braços!
Você me puxou pra mais perto e disse o quanto esperou por aquele momento, beijou minha orelha e me fez arrepiar. Eu te segurei com força pela cintura, nunca mais deixaria que você saísse de perto de mim. Pela forma como aproximou seu corpo do meu e tocou meu rosto, você queria o mesmo que eu.
Beijou-me de um jeito único. Seu lábio macio tocando o meu levemente. Nossos rostos unidos pela boca e se movendo em sentidos diferentes. Então você parou me olhou e se levantou. Puxou-me com força e abraçou-me. Veio desabotoando minha blusa, tirando meu sutiã e olhando com os olhos de quem só quer dar amor. Tocou meus seios com calma e os beijou com toda ternura. Eu tirei sua camisa, te abracei e nós sentimos nossos corpos se tocarem e incrivelmente se encaixarem como jamais fora com outra pessoa antes. Fiquei me perguntando se alguma das várias mulheres com quem você já esteve te fez em algum momento se sentir assim... Senti ciúmes, claro que sim. Mas tratei de logo tirar isso da cabeça, pois homem nenhum antes me fez sentir algo sequer parecido e preferi acreditar que com você também era assim.
Quando voltei ao momento seus olhos ainda estavam lá, nos meus. Seu corpo tão próximo ao meu que dava pra sentir seu calor, seu desejo. Começamos a nos beijar loucamente, um beijo cheio de desejo, cheio de saudade, cheio de loucura. Nesse beijo estavam os anos que nos separaram a saudade que nos consumiu cada dia desses últimos quatro anos. Estava tão ligada ao beijo que quando percebi estávamos completamente sem roupa, então você beijou meu rosto pra em seguida descer e beijar todo o resto do meu corpo. Eu sentia arrepios, desejo e olhava pras estrelas, pro lugar, sentia a segurança e nunca em minha vida desejei tanto que um homem me fizesse mulher.
Então você entrou em mim. O espasmo de prazer que eu senti jamais conseguiria explicar, mas os seus olhos, sua face, sua voz naquele momento. Aquilo com certeza seria uma boa explicação pra o que eu senti. Para o que sentimos.
Fizemos amor pelo que pareceu o maior e mais feliz espaço de tempo da minha vida. E eu tive a certeza de que jamais me sentiria assim outra vez.
Quando você me abraçou e tocou meu rosto, quando disse que me amava, quando me fez rir com uma de suas piadas, quando me mostrou seu sorriso... Como explicar toda a felicidade que se explodiu em mim? Não há como. Mas foi incrível.
Então conversamos sobre tudo, sobre todas as coisas que nos aconteceram durante esse tempo. Foi tão gostoso ficar ouvindo sua voz me contar todas aquelas histórias. Você contou com tanto entusiasmo cada detalhe das coisas incríveis que viveu, de como queria que eu pudesse ter estado junto. Quando dei por mim o sol estava nascendo e as estrelas já não brilhavam mais, eu havia tido a conversa mais gostosa dos últimos anos e você me pedia pra não dormir, pra ficarmos acordados ali e juntos para sempre.
Eu me aproximei de você, disse que te amava e encostei minha cabeça no seu peito. Você passou as mãos pelo meu cabelo e eu acabei caindo no sono enquanto você me falava o quanto eu estava te fazendo feliz, o quanto esperou pra se sentir assim, o quanto me quis perto todos esses anos...

19 de julho de 2009

Cedo ou tarde o dia nasce!


O vazio não me preenche mais. Eu sei que eu mereço muito mais que isso. E, sendo sincera, mentiras já não me convencem mais. Aliás, poucas coisas ainda me convencem!
E, olhando nos teus olhos eu digo de alma lavada, você não faz mais parte de nada, a não ser de uma bonita mentira que eu vivi um dia e da qual sempre vou ter boas histórias pra rir e contar.
Mas mentira nenhuma se sustenta por muito tempo, eis o resultado: Cada qual pro seu lado e meu coração no seu devido lugar! Pulsando forte e acelerado, sem parar.

Foto do Filme "Entre Lençóis", que por sinal deixo a dica, é muito lindo.

17 de julho de 2009

Sushi - Marian Keyes

O primeiro beijo foi frenético, um choque de dentes contra dentes. Tentando fazer coisas demais de uma só vez, ele puxou os cabelos dela, puxou seu Spencer, beijou-a com força excessiva e, logo em seguida, arrancou a própria camisa.
- Peraí, peraí, peraí. - Parecendo exausto, encostou as costas nuas na porta.
- Que foi? - murmurou ela, embotada à vista de seu peito musculoso e brunido.
- Vamos começar de novo. - Ele a puxou contra si com toda a delicadeza. Ela escondeu o rosto em seu peito. O cheiro especial de Oliver. Até então esquecido, mas logo relembrado por seu olfato com um impacto estupidificante, imperioso. Apimentado, a um tempo doce e picante, colônia ou roupa. Um cheiro que era simplesmente ele.
A sensação de familiaridade trouxe-lhe lágrimas aos olhos.
Com uma fragilidade intolerável, ele depôs um beijo no canto de sua boca. Como se fosse pela primeira vez. Em seguida, outro beijo, enquanto roçava o nariz em sua face. E mais outro. Avançando lentamente para o centro, criando um prazer que era quase indistinguível de dor.
Sem se mover, quase sem respirar, ela o deixava aplicar seus beijos.
Os momentos em que fazia sexo com Oliver eram os únicos na vida de Lisa em que ela fazia o papel passivo. Quando não estava no controle, quando não era uma ave de rapina, hiperativa ou voraz. Sempre deixava que ele assumisse o comando, ele adorava isso.
- Olhos nos olhos e você nem está neles - ele costumava observar. - É só uma menina frágil e indefesa.
Ela sabia que o excitava o contraste entre sua rebeldia habitual e tamanha passividade sexual, mas não era esse o motivo que a levava a adotar tal postura. Com Oliver, não era preciso assumir o comando da situação. Ele sabia exatamente o que fazer. E ninguém fazia melhor.
Os beijos passaram da boca para o pescoço e a raiz dos cabelos. Com os olhos fechados, ela gemia de prazer. Poderia morrer agora - sim, poderia, sem a menor dúvida. Ela o ouvia sussurrar, o hálito quente em seu ouvido:
- Já não é mais você, paixão.
Como uma sonâmbula, deixou-se conduzir para a cama. Estendeu os braços obedientemente para que ele despisse seu Spencer, em seguida alteou os quadris para que puxasse sua saia. Os lençóis lisos e frescos estenderam-se sob a pele nua de suas costas. Todo o seu corpo tremia, mas ela se manteve como estava, deitada, imóvel. Quando ele roçou seu mamilo com a boca, ela teve um sobressalto, como se levasse um choque elétrico. Como podia ter esquecido o quanto era sensacional?
Os beijos foram descendo cada vez mais. Ele depôs um beijo levíssimo sobre seu ventre, tão suave que mal arrepiou a penugem, mas que a deixou à beira de um orgasmo.
- Oliver, acho que vou...
- Peraí!
O preservativo foi a nota destoante da noite, o único detalhe a relembrá-la de que as coisas não eram mais como antigamente. Mas recusou-se a pensar nisso. Com que então, ele provavelmente andava dormindo com outras mulheres? Pois bem, ela também andava dormindo com outros homens.
Quando ele a penetrou, ela experimentou uma grande sensação de paz. Soltou um longo e sincero suspiro, toda a tensão abandonando seu corpo. Por um momento fruiu a ausência de agitação, até que ele se pôs a avançar dentro dela com golpes compridos e lentos. Ela pretendia desfrutar isso. E sabia que iria.
Quando terminaram, ela chorou.
- Por que você está chorando, meu amor? - Ele a aconchegou em seus braços.
- É só uma reação fisiológica - disse ela, já recobrando o controle de quem realmente era. Bastava de passividade. - É comum as pessoas chorarem depois do orgasmo.
A raiva e o constragimento iniciais haviam sido incinerados pela paixão. Agora jaziam na cama, conversando sem pressa, aninhados nos braços um do outro, com um afeto estranhamento confortável. Era como se jamais houvessem se separado, jamais houvessem discutido ferozmente, jamais houvessem se lembrando um do outro com ressentimento. Não que qualquer um dos dois tivesse a ingenuidade de achar que o sexo indicava uma iminente reconciliação. Mesmo nos piores momentos de sua crise, haviam feito sexo. Parecera proporcionar-lhes uma válvula de escape para todo aquele excesso de emoção.
Alheia, ela passou as mãos pela ondulação de seu bíceps.
- Ainda malha, pelo visto. Quantos peitorais faz hoje em dia?
- Cento e trinta.
- Caramba!
A conversa ainda se prolongou por horas depois da meia-noite, até que, por fim, ele bocejou.
- Vamos dormir, paixão.
- Tá - disse ela, sonolenta. Não havia dúvidas de que ela iria embora, ambos sabiam disso. - Vou só dar um pulo no banheiro.
Depois de lavar o rosto, usou a escova de dentes dele. Foi algo que fez sem pensar, e foi só quando terminou que se deu conta disso.
Quando voltou do banheiro, enfiou os pés frios entre as coxas dele para aquecê-los, como sempre fizera. Então dormiram como haviam dormido quase todas as noites durante quatro anos, aconchegados na posição das colherinhas: ela enroscada num C, ele enroscado num C ainda maior por trás dela, envolvendo-a dos pés à cabeça, a palma da mão quente pousada sobre sua barriga.
- Boa-noite.
- Boa-noite.
N escuridão, Oliver comentou:
- Que coisa mais esquisita. - Ela sentiu o sofrimento e a confusão em sua voz. - Estou tendo um caso com a minha própria mulher.
Ela fechou os olhos, comprimindo a coluna contra a barriga dele. A tensão mantinha seus dentes permanentemente trincados foi cedendo aos poucos, até finalmente passar. Ela dormiu melhor do que dormia há muito tempo, muito tempo.


Extraído do Livro Sushi, capítulo 40 da autora Marian Keyes.

15 de julho de 2009

Deixa eu te contar um segredo


Só existe uma coisa sobre o amor que as pessoas esquecem de nos avisar. É algo simples de dizer e que certamente já nos alertaria para uma série de problemas futuros, e é talvez por isso mesmo que eles não nos avisem. Sentem e chorem, mas é verdade.
O amor acaba!
É, isso mesmo, ele realmente acaba. Essa história que dizem que amor dura pra sempre é pura mentira que nos fizeram acreditar só pra termos coragem de começar um namoro. É bem mais fácil começar algo achando que não vai ter fim. Mas a verdade é uma só, o amor realmente acaba.
Lógico que não de um dia pro outro. Lógico que não sem motivo nenhum. Mas ninguém é obrigado a amar pra sempre um completo idiota que sempre levanta a voz quando o casal começa a discutir. Ninguém é obrigado a amar pra sempre um completo idiota que de tanto mandar flores acabou fazendo você ficar com alergia a elas. Por isso, mais cedo ou mais tarde o amor acaba. Lógico que há casos em que isso acontece sem um motivo determinante. A relação fica chata, as brigas consomem, o perfume fica enjoado, o sexo já não é mais tão gostoso. É quando chega essa fase difícil que o amor toma um rumo, ou fica ou vai embora. Ele fica se ainda tiver algo realmente bom que faça valer a pena recomeçar a amar. Vai embora se a vontade de ser solteiro novamente falar mais alto. Nos dois casos existe amor sim, a diferença é uma só: em um caso há a vontade de amar, no outro não. E quando não se quer amar o que o pobre do amor pode fazer? Ir embora, acabar e se instalar em outro lugar, de outras formas.
O fato de alguém não amar mais você não quer dizer que ele nunca tenha amado. Ele amou sim! Amou muito e durante todo um tempo bem feliz, mas quando dizem que o amor é capaz de superar tudo, eles não dizem bem a completa verdade.
Pro amor renascer não basta só ele ter existo, tem que ter força de vontade, coragem e o principal, a paixão. Amor e paixão são coisas distintas, mas um só funciona bem se aliado ao outro. Se a paixão morre, morre com ela o tesão, a loucura e claro, o amor. Pra depois seguirem o mesmo caminho a coragem, o carinho, a atenção. O máximo que pode sobrar de uma relação de amor sem paixão é amizade, mas quer saber de outro segredo? Normalmente a paixão acaba pra apenas um dos dois e é aí que tá o problema, ninguém quer ser amigo do amor da sua vida.
No fim das contas a gente acaba percebendo que o bom da vida é assim mesmo, uma hora tem que ter fim. Lógico que vai doer ficar sem os carinhos, sem o prazer, sem as conversas, sem a companhia. Mas sabe de uma coisa que eu aprendi muito bem aprendido sobre o fim do amor? Não adianta a gente lutar contra! Quando o amor e a paixão acabam ou se separam, o melhor é aceitar e seguir em frente. Dói até um bucado e tudo mais, mas dói bem menos que saber que você dorme todas as noites ao lado de alguém que só vai pra cama contigo por não ter outra escolha e que só ouve tua voz porque você não o deixa colocar o volume do som do carro no máximo.
E tá aqui o último segredo: O amor acaba! A paixão e o amor só funcionam juntos, ninguém que ser amigo do amor da sua vida mas isso não quer dizer que não possa haver respeito. A única coisa que o amor deixa depois de tanta reviravolta é isso, o respeito. E se nem isso restar, suspeito eu que aí nunca sequer existiu amor.

13 de julho de 2009

E você vem me dizer que não sabe o que eu quero.


Pois bem, se é esse o problema, eu te digo. Te digo nesse minuto exatamente tudo o que eu quero.
Eu quero você. Quero acordar do seu lado e olhar teu sorrisso. Quero dormir nos teus braços, sentir teu cheiro e repetir mil vezes que você é o homem da minha vida.
Eu quero você pra minha vida. Quero você com todos os seus defeitos idiotas que eu não consigo viver sem. Quero seu carinho, sua presença e a certeza de que vou te ter sempre do meu lado naqueles momentos dificeis em que eu choro como uma criança e você me olha pedindo pra eu não chorar, pedindo pra eu ser forte, mentindo que eu sou forte.
Eu quero você de volta pros meus braços, de volta pro meu sorriso, de volta pro nosso mundo. Eu quero você aqui agora.
É tão difícil assim de ler meu olhar molhado e ver que eu te quero? Ver que eu só quero você... Você, agora e sempre?
Porque por mais que eu tente apagar você da memória, você continua aqui. Intacto. Inteiro. Todo em mim, pra mim. Sempre.
E eu continuo te querendo como nunca quis nem a mim mesma.

5 de julho de 2009

É paixão. É por você.

Sabe o suspiro feminino de todas as noites? Aquele que nós damos quando estamos apaixonadinhas e queremos muito que Deus ouça o suspiro, sinta dó e traga quem a gente quer? Pois é, eu tenho suspirado por você.
Sabe meus textos? Então, deixa eu te contar um segredo! Antes eu achava que a melhor fase pra escrever fosse aquela fase triste da nossa vida, aquela em que tudo ta dando errado e que por isso a gente tem muito que escrever pra pode reclamar bastante da vida. Mas isso foi antes! Agora eu percebo que o melhor remédio para meus textos se chama na verdade paixão, eu tenho escrito muito mais e meus textos também têm sido pra você.
E é assim todos os dias. Eu acordo pensando se vou ver você, acordo querendo saber se você já acordou, se vai me fazer a melhor surpresa do mundo e me ligar ou se vai chegar me desejando um bom dia bem feliz no MSN. Fico me perguntando se tem outras pessoas, veja que surreal, nem estamos de verdade juntos e eu já morro de ciúmes, medo de perder o que eu ainda nem tenho.
O engraçado é que eu achei que nunca mais sentiria isso. Eu tinha plena convicção de que estava madura demais pra andar suspirando pelos cantos por alguém que eu ainda nem conheço de verdade. Amor platônico, que ridículo. Até pareço ter outra vez 15 anos. Mas verdade seja dita, você é a melhor paixão que eu já senti! Isso porque agora eu vejo a vida de outra forma, o que não me impede de ser uma boba apaixonada, mas me impede de perder o senso realista e sonhar que você virá num cavalo branco dizendo que quer me amar. Mas, sendo bem sincera, se isso viesse a acontecer eu ficaria bem feliz!
Aposto que se eu te falasse isso tudo você me acharia uma louca. Afinal, eu realmente sou louca. Que pessoa em sã sanidade faria os planos que eu faço com um completo estranho? Ainda corro o risco de você não ser nada do que eu espero, mas que mal tem nisso? Pra um coração que já se machucou tanto uma desilusão boba assim não é nada! E a verdade é que eu bem to a fim de pagar pra vê.
Então eu fico aqui, vendo você sair e entrar do MSN. Quando enfim uma janela saudosa pisca com o seu nome aqui na barra de ferramentas lá vou eu, não sei se te respondo, se te deixo esperar um pouquinho ou se grito euforicamente para todos saberem que você falou comigo! Mas a gente tem tão pouco assunto, sabe tão pouco um do outro, então o assunto acaba e eu quero me matar por não ter nada inteligente pra dizer a você. Dizer que seu beijo é o melhor que eu já provei seria leviano demais. Dizer que quero te ver me faria parecer muito oferecida. Dizer que adoro teu sorriso seria muito bobo. O que eu digo então? Afinal se eu não posso dizer as verdades, mentir é que eu não vou! É tão estranho chegar aqui e não saber o que fazer. Estranho demais pra mim que sempre mantive todas as situações sob controle. Mas que fique claro que é ótimo não controlar você. É uma delícia esse risco louco que eu corro por te querer tanto e saber que posso nunca vir a ter você. É fascinante saber que você, mesmo sem saber, tem controle sobre mim.
E aqui estou eu novamente, estaca zero. Querendo você como acho que nunca quis alguém na vida. Não te tendo, não te vendo, não te ouvindo e o pior, não te beijando. Mas sabe a parte boa disso? Todas as noites você está aqui, você me diz coisas lindas e a gente faz planos sobre como será linda nossa relação. Toda noite eu durmo feliz pela esperança de uma paixão nova que poder vir a dar certo! E mesmo que para tanta gente isso pareça pouco, de muito me serve e já é quase o suficiente.
Mas nem se engane, é só o começo. Eu ainda quero muito mais de você... E vou ter!
Agora, se você quiser é claro, já pode sorrir com mais freqüência pra mim. De preferência me faça sorrir bastante por besteira, e eu vou adorar se você me pedir um beijo. Aliás, melhor, me roube quantos beijos você quiser. E que sejam muitos, por favor.

3 de julho de 2009

Explicando minha resposta para a Doutora.

Eu te grito, você me pede calma. Eu digo que te odeio você diz que é melhor ir embora pra gente conversar quando eu estiver mais flexível. Eu quero te matar, mas você sempre acaba ganhando e ao invés de cometer um homicídio, acabamos fazendo amor.
Não sei como acontece, não lembro a ordem dos fatos, só sei que é assim!
Num minuto eu te odeio e quero que você suma, no outro estamos agarrados nos beijando loucamente, quando dou por mim nós já fizemos o amor mais gostoso de todos. O calor da briga causa isso! Você começa me olhando com aquela carinha de quem pede desesperadamente pelo fim da briga, eu quero que você morra. Daí você chega perto, tenta me abraçar, eu grito alguma coisa que você responde com um 'Para com isso amor'. Eu começo a planejar a maneira mais eficaz de você ir e nunca mais voltar, você é mais rápido e começa a falar baixinho no meu ouvido, eu ainda tento ser forte mandando você parar, mas de nada serve. Você vai me abraçando devargazinho e em cinco minutos consegue me roubar um beijo.
Não preciso dizer que daí pra eu estar sem roupa não soma malditos 5 minutos, né?
Que domínio louco é esse que você tem sobre mim? Eu juro que tento me segurar, não ceder. Juro que planejo todas as formas de não irmos parar na cama, no sofá, na mesa ou em qualquer outro móvel resistente da casa, pelados e suados, mas não dá! Eu simplesmente não consigo manter a negativa sólida, você me pedindo calma primeiro me causa ódio, depois arrepios. Nem eu mesma consigo entender! De uma forma ou de outra você consegue me ganhar num segundo, mantendo total controle sobre meus sentidos e idéias que passam a momentaneamente perderem total sentido.
Eu já cheguei a achar que nosso maior defeito fosse as brigas, mas a verdade é que não. Todas as vezes que brigamos acabamos por reacender a chama, acabamos por mostrar pra nós mesmos que não resistimos um ao outro, é indiscutivelmente quando você parece estar com ódio de mim que eu mais gosto de te seduzir e te provar que no fundo você me ama como nunca poderá amar a mais ninguém.
Então eu achei a resposta! É isso, lógico, não poderia ser outra coisa!

Eis o fio da meada.
- Jéssica querida, me diga, quando essa relação acabar o que é que te fará mais falta?
- Ah doutora, disso eu não tenho dúvidas.
- Já sei, as conversas não é? Os beijos, carinhos e programas de casais? Eu entendo, todas vocês são assim...
- Não, não doutora. Nada disso!
- Ah, não? Então, é do quê?
- Das brigas, da raiva momentânea, do calor da confusão e claro, da reconciliação.
- Ah sim, lógico... é claro! Claro! Como não sentir falta disso, né?
- É doutora, é impossível não sentir falta disso. Basta lembrar que eu sinto vontade de começar uma briga agora mesmo, por já saber como ela vai acabar.

2 de julho de 2009

Me confunde que eu gosto!

De repente vem a tua presença outra vez e as mãos começam a tremer. Sei, pareço ter 12 anos novamente e estar vivendo meu primeiro amor, mas você é incapaz de imaginar quanto tempo eu esperei até sentir algo assim. De repente eu já não consigo mais me concentrar em nada e as palavras saem embaraçadas, digitar se torna o maior desafio do mundo. Sinto borboletas no estômago, cócegas nos olhos e ar no coração. Até parece que vou sufocar de tanto sentimento. Pra sentir tudo isso? Basta você olhar! E, sinceramente, não queira saber da reação pra quando você sorrir pra mim.
Daí cê não entende, afinal aparentemente eu continuo ótima e até consigo falar algo legal, a gente dança em passos perfeitos e eu até consigo sorrir espontaneamente para os outros conhecidos. É, eu sei, eu disfarço bem. Depois de escrever, atuar é o que eu mais gosto de fazer!
Sabe quando você faz alguma pergunta e eu te olho com cara de quem sabe o que vai dizer? Pois bem, também é uma farsa! Eu nunca sei responder quando se trata de você, muito menos quando é pra você. Ainda que você me pergunte a coisa mais óbvia, como que horas são por exemplo, ainda assim me perco toda, mas mantenho o olhar firme e dou aquele risinho de canto de boca infalível, assim nem você e nem ninguém notará a festa que eu estou dando por dentro e o caos que você causa em minhas estruturas internas.
Tenho que parar com tanta euforia, eu sei. Afinal qualquer hora dessas vou acabar desmaiando sobre você e você me olhando com cara de quem não sabe o que essa louca tem. Provavelmente quando eu acordar em teus braços vou desmaiar de novo, achando que eu só posso é ter surtado de vez!
E agora eis o que me destrói: Tua calma. Você parece tão sólido, concreto, absoluto. E eu sou tão frágil! Nada em você demonstra sentimento, nada em você demonstra desejo, você é aquele ser impenetrável, que a gente busca nos olhos uma resposta e só fica mais confuso. Se eu acho ruim? Nunca! Dizer que eu não gosto seria me fazer de tola diante de mim mesma, a verdade é que eu amo. Amo esse teu jeito distante, inalcançável, porque bom mesmo é o que é difícil. Não que você seja difícil, mas ao menos você age fora do normal. A sua segurança com as palavras, teu sorriso discreto apropriado, como pode alguém conseguir manter tanto equilíbrio? Embora eu tenha certeza que abalo você, as vezes chego até a ficar confusa.
Mas é aí que tá, eu gosto da confusão. Gosto de não saber como agir, não saber como falar. Gosto do sabor do diferente, do novo e indecifrável. É, indiscutivelmente, por essa tua cápsula protetora que você mexe comigo.
Eu tô cansada de saber o que fazer, como agir, o que dizer. Eu nunca sei o que você espera de mim e é assim que eu te descubro todos os dias, em todos os sentidos. É essa insegurança causada por você que me mantem tão atraída.
Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece, pois bem, eu não acredito nessa filosofia. Porém na filosofia de que um estranho é capaz de abalar tuas estruturas de tal maneira que você mal consegue manter a respiração, sim eu acredito! Na filosofia de que paixão é um mal que vem e devasta tudo, te fazendo guardar pra sempre a lembrança do fogo no vento que te levou... Nessa filosofia, depois de vivê-la, eu não só acredito como posso dizer, não tem nada igual.

1 de julho de 2009

Pra Julho começar gostoso..


... Ah meu nego, você não sabe o quanto eu te quero... Sentir teu cheirinho, ganhar teus beijinhos, dançar agarradinha com você! Por favor, não deixe que a música pare... Nunca. Eu só sei te querer!

Meu mês começando assim, cheinho de palavras gostosas e bons sentimentos, que é pra ser cheio de surpresas e coisas boas. Tô sentindo um friozinho na barriga me dizer que esse é o mês das mudanças, mês de começos, recomeços e caminhos diferentes. Resultados diferentes também, é lógico. É o mês do meu aniversário e eu estou feliz e contando as horas pro que vai ser o melhor aniversário da minha vida. É isso aê! ;)