25 de setembro de 2013

Calei, mas continuo sentindo.


Como que a gente começa a falar quando o assunto é sentimento? Acho que desaprendi. Acho que endureci, mesmo não querendo.
Em meio aos amores que nascem da noite pro dia e "Vidas" que nem se conheciam um mês atrás, fui calando para não mentir. Fui me esquivando de sentir e falar, para não cair no erro do amor que não durou mais que o sono de muitos por aí, como diz a piada que circula nas redes sociais.

Eu não era assim. Nunca fui. Longe de mim! Sempre dada a falar mais que o que deveria, era adepta do amor escancarado e das declarações melosas de amor-para-sempre. Fui assim a vida inteira e até gostava. Agora tô aqui, nem lembro a última vez que me declarei sem medo.

Não sei se as decepções ou a falta de ânimo. Acho que um pouco dos dois. Mas aprendi a guardar pra mim. E muito bem guardado! Todo tipo de sentimento, todos os acontecimentos. Eu simplesmente não compartilho. E agora, sempre que me vejo declarando amor por alguém seja em comentários nas redes sociais ou em demonstrações simples de carinho, como um abraço, acabo me perguntando se é isso mesmo. Se o outro também sente. Se é seguro demonstrar...

Num tempo onde as pessoas escancaram tudo o que sentem, eu simplesmente me abstenho. Pondero as palavras e meço os sentimentos para não passar do ponto.
Não cheguei a me tornar fria. Não tenho estrutura emocional para tanto. Eu só não sei mais demonstrar, embora ainda sinta, todo o amor ou raiva que estão aqui dentro. Porque sim, eu choro sozinha vez ou outra. E inúmeras vezes eu quis gritar com alguém por essa pessoa ser algo que aprendi a detestar. Mas eu simplesmente calo e deixo pra lá. E fui deixando tanta coisa pra lá que, de repente, tudo o que foi deixado pra lá levou um pouco de mim. Porque eu sou os gritos que calei. Sou o amor do qual não falei. Sou a tristeza das amizades que se romperam. Sou a loucura das paixões que simplesmente não tive ânimo pra deixar que crescessem.

Tenho medo de ter ido longe demais com isso. Tem segredos que a gente precisa dividir com alguém para que não nos devorem. E nem sei quantas pessoas perdi só por não achar justo pedir para que ficassem. Cheguei num ponto de aparente indiferença que não condiz com a realidade, mas por ser mais confortável e fácil de lidar, achei ser o melhor a deixar transparecer.

Não tem sido ruim, não nego. Quanto menos importância você dá aos sentimentos, menores eles parecem. Mas de alguma forma, não são seus. Não são o que você realmente é. E com um tempo começam a fazer diferença também em que você virá a ser.

O meu "eu te amo" nunca fui tão sincero e verdadeiro. Mas ao mesmo tempo, nunca foi tão dolorido. Talvez não se aprofundar nesses assunto seja a chave pro sucesso. Porque embora agora os meus poucos sejam realmente bons, sinto falta da leveza que as palavras costumavam ter.

Se pra alguns beijos acorrentam almas, o que me acorrentam são as palavras. E enquanto o mundo respira amores para sempre, só consigo respirar amores reais, cheios de controvérsias, histórias, lealdade e uma infinidade de outros sentimentos nos quais ele implica.

Acho que sinto falta de quando sentir e falar estavam interligados. Nessa época era mais leve e fácil. Não havia problema se eu parecesse boba. Não havia certeza absoluta de que duraria por aqui embora acabasse do lado de lá. No momento era e ponto, o depois viria com o tempo, como tem de ser. Havia pretensão de "para sempre", não essa amedrontada certeza errante de que, de alguma forma, ele existe.

E se as pessoas soubessem o quanto um "para sempre" pode ser aterrorizante, não viveriam o prometendo por aí. Guardariam e seriam, como eu, adepta daquela frase muito bem bolada que diz "repara bem no que não digo".