18 de agosto de 2014

Não tão mágico assim.


Me refiz, pela milésima vez.
Mas tu nunca entenderás. E eu não te julgo. É complicado demais entender as mulheres, dizem as revistas. Mas bem sei, tu sabias como ninguém o que me fazia feliz.
Só que agora não tem mais mágica nisso. Você se foi, também pela milésima vez. E eu tive de me acostumar, embora no começo bem tivesse pensado que seria por pouco tempo. Não foi. Já fazem semanas. Parecem vidas. A saudade quase me enlouquece. E doeu muito até que não doesse mais.
No fim das contas não enlouqueci, por pouco. Ou talvez tenha enlouquecido, um pouco. Mas já não choro com a mesma facilidade da adolescência, e a falta de lágrimas me faz sentir forte. Talvez eu nem seja, mas gosto de acreditar nisso. Gosto de acreditar também que as coisas foram como tinham de ser, mesmo que no fundo eu não concorde com isso.
Tu me conheces bem, eu não imploraria. Não que eu não quisesse, mas tenho orgulho em demasia. Pelas minhas contas, mais orgulho que saudade. E não compensa, sempre soube, mas serve de consolo não ter me agarrado a você ao ver suas costas. Serve de consolo que você tenha levado tudo de mim, menos o orgulho. Foi o que restou para que eu reconstruisse meu castelo. Solitário talvez, mas seguro o suficiente para não desmoronar com o som da sua voz.
E meu bem, saibas que as músicas ainda falam de nós, só que agora tem tanta melancolia que perderam a graça. E eu não sei o que fizestes para se livrar do que ficou de mim nos seus espaços, mas torço para que tenha sido menos dolorido que o que foi pra mim. Tu ainda és o vilão dessa história, não te tirarias esse papel por nada, mas eu não aguentaria saber que a tristeza te acompanha. Saudade sim, te deixo sentir, e dela até chorar. Mas tristeza não é o que quero que fique de mim. Pelo contrário, quero que minhas lembranças virem sorrisos e deles tu queiras sempre mais.
E não, eu não vou voltar. Não mais. Nunca mais. Mas seria bonito te ver implorar, ao menos uma vez. Não que eu seja mal,  nunca fui e tu bem sabes. Mas tu me deves muito. E implorar não pagará, mas deixará ainda mais forte o meu castelo de orgulho. Te convido pra um chá se você quiser, mas não garanto que não te servirei veneno. Do teu, é claro, afinal: o que não te mata, te fortalece.

7 de agosto de 2014

Stronger than yesterday



Ainda sou boa.
Ainda sou menina.
Mas a armadura agora, perceba, está bem polida.
E o coração, depois de tanto se doar, está pronto para receber.
Eu ainda sei amar, não se engane.
Só que dessa vez comecei por mim.
E desculpa, não sei informar em qual posição da fila você está.
Não. Não entenda mal. Você ainda é o único, mas de alguma forma isso já não é mais tão importante.
E pra me cuidar precisei reposicionar as prioridades.
Se cuida você também. 
Só não te empresto minha força porque ela tem sido a melhor coisa que eu já experimentei.

5 de agosto de 2014

Um carnaval de nós.


Reencontrar você é festa. Te olhar nos olhos e ganhar o mundo. Todo o seu mundo que ainda não conheço, mas quero desvendar cada um dos lugares e curvas e medos. Desvendar você inteiro e, ao mesmo tempo, te ver sempre surpresa, a estrada que eu nunca percorri e na qual quero continuar caminhando para sempre.

Você que me ganhou desde o primeiro momento. Foi olhar e te querer, perder o juízo, enlouquecer. No mesmo instante eu soube que tinha de ser sua e você já era meu, mesmo sem saber. Foi saber logo depois - nossos lábios se encontrando. Tenho certeza que você também sentiu. Era carnaval fora e dentro de nós. Viria a ser festa o ano inteiro. Carnaval de nós todos os dias.

E todo tempo é pouco. Toda hora é hora. Você e eu somos o encaixe perfeito e, ainda assim, tudo em você me transborda. Sentimentos, corpo e alma. Teu silêncio que eu decifro, meus carinhos dos quais você precisa. E essa nossa mágica de fazer sumir toda e qualquer distância, provando ao mundo que estar perto não é físico. Você é o que há de mais forte aqui dentro, o mais perto de alguém que eu já consegui chegar sem ter medo do perigo.

Meu coração canta pra você todas as canções de amor e mais mil clichês. O amor é mesmo brega! E intenso, doce, louco... óbvio como meu sorriso ao ouvir tua voz. E entendo todas as vezes que você acha graça das loucuras que eu falo, de como não me controlo e do ciúme tolo que eu sinto. E é adorável como você me entende, como compartilha desse encanto que, para nós, tem gosto único. Somos sim feitos um pro outro, de uma forma que só nós entendemos.

Quero você de novo e de novo e pra sempre. Quero seu cheiro, seu colo, seus beijos e nós dois agarrados numa rede pequena com pernas entrelaças e braços que se agarram. Quero todos os seus defeitos e cada uma das suas qualidades, você por inteiro que me conquista sem nem perceber. Quero cada parte bonita do que já construímos e mais, sem máscaras, mas com bastante confete. E música alegre. E avenidas lotadas... de nós, de sonhos, de amor e muito mais!

15 de maio de 2014

Exagerado.


Nós somos os que se doam demais. Não endurecem. Não desistem.
Somos os que escutam repetidas vezes a mesma música, no volume máximo, só para lembrar mais uma vez. Só pra doer mais um pouquinho.
Somos os que sentem tudo. Que querem muito. Que buscam mais. 
Intensos por natureza, atirados por conveniência, loucos para viver. Que caem de cabeça e não medem a altura do tombo.
Os que não medem esforços, metem medo, enlouquecem e não se entregam.
Somos o extremo do extremismo, verdades universais e lágrimas que não cansam de cair.

Estamos aqui, de pé, outra vez. E se necessário, após cair, o faremos mil vezes. Só pra sentir de novo, só para sonhar mais um pouco, só pelo prazer da ilusão. E nos entupimos com verdades inventadas que facilitam nossas vidas e ganham nossos corações. Depois os partem, em mil pedacinhos. Mas tudo bem, a gente já se acostumou a vê-los espalhados pelo chão.

Temos paixão pelo que queima, pelo que inunda, pelo que faz fluir. Por tudo que nos causa reações. Por tudo que nos toca e nos encanta e nos ganha. Sempre para sempre. Porque até amanhã não dá tempo. Porque semana que vem já passou. E nós não vemos a hora de provar que finais felizes realmente existem.

Dói, é claro. Mas passa. Depois de muitas noites embriagados. Depois de mil viagens para dentro e para fora. Depois de um novo amor... Passa. E somos outra vez novos em folha. E estamos prontos para cometer os mesmos erros.

A gente não se importa. Não liga mesmo. Nós somos livres, indiferentes ao tempo, mais fortes que o medo. A gente faz e acontece dentro de nós mesmos. Não precisamos provar nada para ninguém. E continuamos buscando algo que ainda não conhecemos, mas sabemos ser o que nos consolará.

Porque é isso que queremos: colo e consolo. Maiores abandonados, sedentos de sentimentos. Apaixonados por dramas baratos, que choram com filmes aos domingos. E fariam qualquer coisa para ter com quem, carinhosamente, dividir a pipoca e o chocolate. Dividir os sonhos e o medo. A cama, a casa e todo o aconchego. Doando, de bandeja, o coração.

E pedimos perdão sem vergonha. Passamos por cima dos rastros de orgulho. Olhamos para trás quantas vezes for necessário. E não, não somos dignos de pena. Somos dignos, na verdade, de todas as honras. Pois somos verdadeiros. Somos maiores que o que nos é imposto. Somos amor e exagero, da cabeça aos pés, sem culpa ou medo.

23 de fevereiro de 2014

Do que eu não sei descrever.



Não sou boa no quesito falar de felicidade. Nunca fui. Quem acompanha sabe: dor de cotovelo, dramas, saudade. Tudo vira pauta para várias linhas, menos a felicidade. Vez ou outra ensaio linhas bem humoradas ou palavras de empolgação. Nunca chegaram a me dizer que estava ruim, mas eu mesma sempre tive a impressão de que não convencia.

Uma vez fui questionada por uma grande amiga sobre o assunto. Ela, muito próxima da minha pessoa, acabara por perceber que eu normalmente brincava de escrever quando as coisas por aqui não estavam tão bem. Eu nunca neguei que sou dada aos dramas, de certa forma isso sempre foi o natural para mim. Mas foi difícil admitir que eu não sabia lidar com a felicidade. Ao menos não quando se trata de falar da mesma.


Foi então que me veio à cabeça umas palavras que leio desde muito cedo, e que não sei à quem pertencem, mas falam algo sobre como as pessoas realmente felizes não sentem necessidade de demonstrar isso. E que verdade! Porque, na boa, quando eu tô muito feliz me pego publicando a música mais sofrida da já amiga íntima, Adriana Calcanhotto. De alguma forma, que não sei explicar e nem consigo entender, não faço questão de me mostrar feliz. Não quando eu realmente e naturalmente estou. Quem está perto percebe, é claro. Sou espontânea demais pra conseguir esconder felicidade. Mas a impressão que tenho é de que quem está longe não precisa ouvir o barulho que minha felicidade costuma fazer.


Talvez isso explique o porque de eu ter parado de brincar de escrever. É difícil escrever sobre dramas quando vai tudo tão bem... Nem mesmo as histórias das minhas amigas ficam mais a mesma coisa. Parece que falta uma pontinha de dor real, que só consigo repassar quando ela é, de fato, real por aqui. E então percebo que o meu sonho de um dia escrever um livro, caso eu seja uma pessoa realmente feliz, está fadado ao fracasso. E eu poderia ficar triste por isso, mas tudo bem, eu sobrevivo. Enquanto Marian Keyes conseguir escrever, eu sobrevivo.


Hoje eu tentei romper essa barreira. Na verdade, tem uma semana que venho tentando. Fico alguns trinta minutos olhando pra tela do computador quando, tenho de admitir, nada vem e eu desisto. Começo e as palavras perdem o rumo. Findo algumas linhas, mas ao reler parece tudo tão chato. Nem Lana Del Rey tem me ajudado. Nem Los Hermanos tem surtido efeito. E então eu preciso aceitar que não, eu não sei falar da felicidade.


Eu sei sentir. E cantar. E até beber a felicidade. Mas falar, não dá. Não tem como explicar essa sensação de bem estar causada por uma boa noite de sono, sem horas perdidas revirando-se na cama com ensaios dramáticos de uma cena que jamais acontecerá na vida real. Não tem palavra que traduza essa paz, o sorriso fácil, a vontade de viver. Definitivamente, não dá! Eu desisto, não tenho vocação nenhuma pra falar da felicidade.


E depois de admitir isso para mim mesma, tento encontrar o motivo. Não encontro, é a verdade. Mas deve ser o fato de não achar justo dividir uma coisa tão boa e tão minha, assim, com todo mundo (principalmente com quem torce pelo contrário). Dor a gente divide porque alivia, acalma. Mas felicidade a gente quer é que pulse, e dure, e intensifique. Tudo dentro da gente, permanentemente. 


Então deixo aqui o meu mais sincero pedido de desculpas. Durante esse tempo ausente eu estive lendo bons livros, errando sem medo, enfiando o pé na jaca. Viajei para lugares que sempre tive vontade de conhecer. Conheci pessoas impagáveis. Arranjei um emprego (lê-se estágio), do qual eu realmente gosto. Engordei vários quilos com gosto de brigadeiro e sanduíche com porção extra de queijo cheddar. E não, eu não sinto nenhum tipo de culpa por isso. 

Desculpa, mas como eu ia escrever sobre isso sem parecer a pessoa mais egoísta do mundo, principalmente por não me achar nada egoísta? Desculpa mesmo. Mas se serve pra alguma coisa, eu realmente recomendo. Muito! Pra todo mundo. 

"O mundo é bão, Sebastião!", canta a voz doce de Nando Reis. E não é que é mesmo? E tem valido muito à pena!

10 de fevereiro de 2014

Uma quase confusão.


O amor é muito mais que palavras, ele havia me dito. E eu, ainda insegura, sorri sem graça, sem saber bem o que aquilo queria dizer. Quer dizer, eu já amei um dia, disso eu sabia, mas não estava pronta para falar sobre o quanto aquilo havia me machucado. Não estava pronta para falar de amor com alguém que eu ainda pouco conhecia. Mudei de assunto rápido e deixei que ele pensasse qualquer coisa sobre mim, que não fosse o que sou de verdade. Naquele momento não queria ser eu mesma, só queria estar ali e esquecer todo o resto.

Nos vimos poucas vezes depois disso. Trocamos poucas palavras. Tive vontade de voltar e falar sobre como o amor já fez morada por aqui. Mas falar de amor é tão difícil. Desisti! E então tive que procurar em mim o que ainda tenho daquele amor que um dia senti. Alguém, outra vez na vida, me fez procurar por mim mesma, depois de tanto tempo, daquela forma diferente que só o amor nos enxerga. Me fez voltar ao sentimento que eu mais admiro, com o qual pensei já nem combinar.

De fato, não estou pronta para o amor. Não mais. É que doação envolve muito mais que estar perto. E eu quero estar perto, mas me doar é arriscado, então eu me aproximo e, ainda assim, estou distante. E amor é, antes de mais nada, doação. Isso eu não esqueci. Acho que essa é uma das coisas que, depois de vivida uma vez, não se esquece nunca.

Eu não tenho medo, que fique claro. Correr riscos é rotina por aqui. Eu só não estou inteira ainda. Sabe aquela história de paz consigo mesmo? Pois é, preciso viver mais disso. Preciso continuar mansa aqui dentro. Meu coração anda meio cansado de furacões, embora a gente saiba que ele adore uma boa adrenalina. Vez ou outra ele reclama, não perde essa mania. Mas depois, quando percebe o quanto tem nos feito bem, acaba agradecendo. Calmaria tem sido lema, e amor calmo é difícil, exige tempo e força de vontade, exige vidas comungando em paz. Equilíbrio à dois, nos dias de hoje, é ouro. Não estou pronta para construir. Não agora.

Talvez tenha sido melhor assim. Imagina ele me ouvindo falar de como são intensos os sentimentos por aqui. Correria com certeza, como as pessoas normais fazem quando encontram exagerados como eu. E não poderia culpá-lo, me conheço bem, os perigos aqui são grandes, tais quais costumam ser os dramas. É melhor deixar assim e não envolver mais ninguém nisso.

De qualquer forma quero encontrá-lo outra vez. Conversar sobre o amor, quem sabe. E talvez dizer que pode ser seguro, pode ser calmo e intenso. Pode ser realidade e sonho confundidos. Porque o que sei do amor não é tanto, mas certamente é muito disso.