29 de setembro de 2009

Mudança de tempo, de estado, de vida...


O destino querido, eu tentei te avisar, prega muitas peças. Lembra quando eu disse que o mundo girava?
Você, com seu ar de desdém apenas fez que nem aí e saiu, sem olhar pra trás. Pois bem, já que você não viu, eu lhe digo o que você deixou pra trás.
Enquanto você seguia em frente sem olhar, atrás de você ficava alguém tremendo, chorando, sentindo medo. Alguém cujo coração era seu e você não soube cuidar. Esse mesmo coração batia devagarzinho e quase não se sentia palpitar com o soluço, seguido de chuva, que predominou durante toda aquela noite e por mais alguns dias também...
Até que o sol apareceu. Seus retratos molhados, mais de lágrimas que água ou qualquer outra coisa, acabaram por se rasgar. Seu cheiro, antes tão presente, alguns dias de chuva foram suficientes para acabar. E até mesmo o cigarro, que ficou no lugar dos teus beijos, acabou perdendo a graça por causa de todo o calor que o sol trouxe junto dele.
E por falar no que veio junto do sol, veja que surpresa. Fora o calor natural, veio o calor humano também. Um abraço, dos bem apertados e um sorriso, dos mais bonitos. Um perfume novo e um beijo tão sereno...
E para você, que tanto orgulho tinha para dar e vender trouxe muito. Trouxe o que aprender.
É que vai além de dizer que está tudo bem. Vai além de abrir um riso falso e mostrar dentes amarelos. Vai além de somar mais um dia de vida. E só pára de ir além quando o coração fica em paz. E eu não falo de não ter brigas ou cobranças, pra mim isso não é paz, é vazio. Eu falo de paz de verdade. Alguém, não necessariamente um amante, mas alguém de verdade com quem conversar. Alguém a quem abraçar quando o mundo cair e alguém com quem dividir todas as dores e segredos. Falo de deitar e antes de dormir ter coisas boas nas quais pensar e se orgulhar de ter tido mais um dia feliz, ou ao menos mais um dia que valeu à pena.
E essas sensações, as melhores sensações, essas a gente só sente quando sabe crescer sendo criança. Quando não deixa o orgulho tomar de conta. Quando não deixa que o medo impeça de tentar de novo e quando aprende que quebrar a cara não passa de uma forma um pouco mais dolorida de aprendizado e é também uma forma de merecer uma melhor recompensa.
Sabe amor, e ainda lhe chamo assim não por continuar te amando, mas por amar as coisas que você sem querer me fez aprender, ontem quando vi você partir e senti minhas lágrimas unirem-se a chuva pensei que nunca mais voltaria a sorrir. Hoje, de sorriso na cara, não só espero que o meu sorriso dure, mas torço de coração para que um dia o seu seja um sorriso verdadeiro.

24 de setembro de 2009

Contra o que vier.


Falar de nós dois é quase fácil. Afinal, que mágico alguém me ligar à meia noite dizendo que a brisa do mar não tem graça sem mim.
Não fossem os contras, a gente já viveria um quase conto de fadas.
Mas ei, errei!
Que conto de fadas não tem alguém querendo separar os mocinhos?
Pois bem, eis o que nos separa, o passado!
Como se isso realmente importasse pra algum de nós dois. O mal de tudo é o resto, terceiros e quartos que querem fazer de conta que sabem de tudo, quando nada entendem, a não ser de seu futuro meio planejado e que deu errado.
Perguntaram-me se eu não tenho medo. Medo, eu? Medo, diante de tudo que já vivemos é algo que realmente não me atinge. Ok, eu admito! Eu tive medo de me apaixonar, mas agora que não tem como voltar atrás, medo é algo que não me perturba, não me vem. Não me alcança.
E sabe o que me alcança?
Alcança seu beijo gostoso sussurrado ao telefone. Alcança a saudade que nos atinge e até mesmo o desejo de estar agarrados no que definimos como nosso ninho de amor. Fora isso, sou imbatível, quase super-herói e sinceramente, vilão nenhum nunca me meteu medo.
Que venha a luta então. Deixei o passado de lado faz tempo! E quem quiser dizer que é errado, que o diga. Pra mim nada é mais certo que a sua voz no meu ouvido dizendo o quanto é gostoso estarmos juntos essa noite e tantas outras mais.
Não meu bem, não tenhas medo. Jamais penses que desistirei pelo caminho. Tem coisas das quais eu não abro mão e se queres bem saber, na atual conjuntura, nosso querer é uma delas. Então faça de conta que não ouviu as vozes e esqueça a distancia, pouco importa o quão longe estejas quando tua voz ainda diz em meu ouvido coisas que esperei tanto tempo para ouvir...
É isso. O segredo está aí. Você, como ninguém, mexeu comigo! Disse o que eu queria ouvir. Pouco importa o resto do mundo, se queres ficar comigo, venha cá e deite ao meu lado. Aqui, no ninho, nós somos invencíveis.

21 de setembro de 2009

Tão presos. Tão livres.


O lençol cobriu meu rosto ontem à noite e você não pode ver minhas lágrimas.
Não chorei de tristeza, você sabe que essa palavra não caberia na atual conjuntura dos nossos sentimentos. Chorei de medo.
Medo porque ambos sabemos do passado, do amor, das feriadas. Ambos temos, uma boa meia dúzia de histórias com finais tristes para contar. E isso me deu medo, um medo horrível de perder você. Engraçado é pensar em perdê-lo quando ainda nem sei se você é realmente meu.
Entenda, não é covardia. Você sabe que covardia não combina com meu riso descarado e que da forma que levo a vida, ser covarde já teria me feito parar pelo caminho. Eu jamais desistiria por sentir medo, mas ser corajosa não me impede de senti-lo.
Somos tão vulneráveis. Você com essa sua forma excêntrica de amor, que ama alguém amando mais sua própria liberdade e que bem combinaria com minha forma de amor, não fosse o fato de pela primeira vez o tiro sair pela culatra e alguém conseguir compensar minha liberdade com a dose certa de paixão, aventura, loucura e sentimento.
Quando você me olha daquele jeito e faz o tipo sério só pra me provocar, você não sabe o apertinho aqui por dentro e já me imagino dizendo que vou e não poderei voltar. Acomodei-me tanto a essa mania errada de amor, fugindo sempre que o perigo chega que sinto medo de já ser hora de fugir. Não quero fugir de você, entende?
Porque é tão mágico quando você deita ao meu lado e me abraça forte. E nós dois deitados na rede rindo da TV me faz tão feliz. Dançar com você me faz sentir segura. E fugir do passado perderia a graça se você não estivesse nos planos pro futuro.
Então querido, desculpe as lágrimas de medo. Desculpe essa paixão tão rápida. Desculpe esse apego indesejado. Sei o quanto detesta me ver chorar, e sempre que a vontade vier lhe farei o favor de me esconder debaixo dos lençóis, para que não me vejas ter medo de perder-lhe, para que não vejas a paixão falando mais alto em meu olhar.
Talvez eu devesse lhe falar abertamente de todo esse turbilhão sentimental que vem fazendo confusão aqui dentro. Mas pra quê complicar? Se nas últimas vezes acabei sozinha, talvez seja por terem complicado demais pro meu lado e eu não quero complicar nada pra você, não algo que não possamos descomplicar juntos.
Quem sabe seja algo que podemos descomplicar juntos!
Mas bem, pra quê pressa? Você ainda nem conhece minha pior mania e eu ainda tenho de descobrir o que você quer ganhar de presente de aniversário.
Por hora, me deixa usar o lençol para enxugar as lágrimas e encostar a cabeça no seu peito, sentir você me fazer carinho gostoso.

18 de setembro de 2009

Por Fernanda Gava [2]

Hoje eu me denomino hoje. Bem diferente de ontem, sem esperar com tanta ânsia o amanhã. Vou em pequenos passos. Provavelmente bem menores que a maioria dos de 1985. Há dias em que aqui só se empurra com a barriga, outros de revolução intensa. Como disse há poucos, o hoje, hoje sabe de quase nada e menos ainda de si. Perdeu um pouco da fé aparentemente inabalável, não casou e fraquejou em alguns dos seus valores. Conservou certos hábitos começando por aqueles que se referem aos poucos amigos. O hoje já aceita a mortalidade. Sentiu friamente que não é um ser intocável. Ainda crê no corpo fechado, adoece pouco, mas a vida andou mostrando que a tal mola precisa periodicamente ser lubrificada. Catalisou alguns dos seus sentidos nesse meio tempo. Enxerga perfeitamente bem, enxerga fundo, enxerga o que nem sempre deseja, mas continua mais surdo que uma porta. É mais direto que antigamente, já não trabalha mais tanto com entrelinhas. Vive de uns 3 amores e os animais ainda estão no topo dos que mais sensibilizam. A estrada continua sendo a válvula de escape perfeita e a saudade o vilão mais famoso. Perde o sono, perde o juízo, perde a chance de ficar quieto. O hoje simplesmente irrita quando a força do hábito fala mais alto e ele resolve entrar em crise com o tempo. Não quer crescer, quer colo, quer voltar pro Pré da Tia Rose.O hoje é um incógnita previsível. Com sobra de falta de paciência e bunda grande. Que não sabe não ser tudo que é mesmo não sabendo exatamente o que seria. Com ele Deus fez tudo certo. Em especial quando resolveu jogá-lo aqui na versão mulher. Sabia que não daria certo em outro molde já que não tem saco nenhum. Está em constante e interminável processo de adaptação ao mundo. Sem muita ambição de sucesso quanto ao mesmo.
O hoje esses dias deu passos enormes em direção da normalidade. Daquilo que o mundo todo almeja. Um coração em paz, um trabalho que satisfaça e um bom lugar pra terminar um dia.
Como disse ele está bem diferente de ontem, o que pra esse caso vem a ser, muito melhor.


[ Fernanda Gava,
que SEMPRE escreve como quem escreve por mim e por ela ]

É lindo.


Eu ainda prefiro o carinha de óculos. Aquele que tinha o sorriso sincero e as piadas mais bobas e foras de hora. Ainda tenho mais amor por aquele cara que andava de ónibus e que andou um bom bucado a pé, só pra me ver.
Era aquele magrinho, de nariz grande e jeito desajeitado que me apaixonava e nada me fazia mais feliz que ver ele se esforçando pra dançar comigo sem levar jeito nenhum pra isso. Eu tinha orgulho de ser apaixonada por um cara que não bebia.
Eu o amava quando ele era ele mesmo, e amava quando nosso sentimento se resumia numa madrugada feliz de conversa no msn.
Depois ele mudou.
Muita gente diz que pra melhor! E aposto que agora mil menininhas querem ficar com ele, e eu acabei por perder o interesse.
Ele ficou muito igual a grande maioria, sorrindo quando é conveniente e só dizendo o que sente quando o que sente não passa de frieza. Não anda mais de ónibus e agora usa lentes de contato, já sabe enrolar no forró e até bebe mais que eu.
Depois que ficou forte as garotinhas o acham o máximo e eu, olho e olho de novo, mas não vejo ninguém. Só um monte de massa corporal pedindo pra fazer parte do novo mundo descolado.
Hoje ele acredita em tudo, qualquer coisa que lhe seja conveniente e já não se preocupa mais em olhar dentro dos olhos pra procurar a verdade.
Eu, particularmente, lhe acho um tanto vazio e com isso fico triste. Mas vejam que estranho, ele se acha o máximo e jura ser feliz.
Vai entender, né?