30 de abril de 2015

Um sincero pedido de desculpas


Desculpa eu não chorar sobre o leite derramado. Nós dois sabíamos que as coisas não terminariam bem. Não existem milagres quando se trata do que é certo: quando não há remédio, remediado está. E deixando de lado os ditados populares baratos, estava tudo errado.
O problema não era você. E não, o problema não era eu. É só que a gente tem o direito de encontrar o que procura, e você procurava sua metade enquanto eu, bem, eu sempre soube que não nasci pra ser metade de ninguém.
Eu sou livre, você viu. Deixou de ser escolha já faz um tempo, quando passou a ser completamente natural. Poder fazer o que quero e como eu quero. Poder estar aonde me der vontade e ser o que eu sou: tão eu mesma que nem sobra espaço pra ser metade de outro alguém. É assim que eu gosto de ser, é assim que eu quero amar.
Você não. Você é porto seguro, terra sólida. Pés no chão, vontade de se doar e assim se fazer completo. E não é que você precise de outro alguém. Você não precisa! Você simplesmente gosta de ser uma metade em busca de outro alguém. Um tempo atrás você seria tudo o que eu sempre quis pra mim. Mas isso faz muito tempo, e eu só lembro por saber que já fui como você.
Toda a ideia de uma casa branca e filhos correndo ao nosso redor nos domingos, é realmente muito bonito. Quis demais me agarrar a isso e acreditar que era pra ser, toda a coisa de almas gêmeas e destino. Até que tive que admitir para mim mesma que minha alma gêmea, se é que eu tenho uma, entraria em pânico tanto quanto eu quando ouvisse sobre como a vida seria maravilhosa após o casamento.
É que eu não quero esperar pra ser feliz. Não quero! Eu quero ser feliz agora, desde o primeiro beijo, sem cobranças descabidas, com liberdade e suspiros. Eu quero segurar a mão de alguém que, como eu, saiba que a casa branca pode esperar porque por enquanto a gente tem o mundo, e ele é imenso, nos abrigaríamos bem em qualquer lugar. E casar seria simplesmente a ordem natural do encontro, em um domingo qualquer quando acordássemos e percebêssemos que tudo bem se compartilhássemos o sobrenome e a mesma casa, pois o melhor de nós estivemos compartilhando desde o primeiro momento: nossos sonhos.
Seu jeito de amar não está errado. Acho até que talvez esteja mais certo que o meu - se é que existe esse tipo de medida para o amor. É só que nós amamos diferente, sonhamos diferente. Eu vou casar sim, um dia. Terei uma casa branca talvez, isso já foi um grande sonho pra mim também. Mas não é esse o meu objetivo de vida ou o que eu espero do amor. Pra mim o amor é bem mais. E eu espero que o seu amor venha a ser sua realidade um dia, mas ele jamais me caberia. Com toda essa minha sede, sonhos e anseios a gente só se machucaria - eu ao tentar viver a história de amor mais fácil e você quando se desse conta de como eu realmente  sou.
Espero que você esteja bem agora. Desculpa eu sair sem deixar um bilhete. Não foi pressa, estar aí era bom. Foi medo mesmo! Jamais me perdoaria se tirasse de você as chances de viver seu verdadeiro amor e você jamais entenderia quando percebesse que amor para você é tudo o que eu não sou. Entrei em pânico e saí da sua vida. Pareci egoísta, mas você ainda me agradecerá muito um dia...