26 de junho de 2012


Eu perdi tanto tempo procurando certezas que quase não me dou conta do quanto arriscar poderia fazer bem. Não há certeza pronta, acabei aprendendo. Qualquer coisa que venha a ser sólida, teve de ser só plano em algum momento. Demorei demais pra entender a coisa mais simples: Pra chegar a ter certeza, tem que ter, antes de tudo,  entrega.
Endureci tanto que me fechei para as possibilidades. Sempre tentando perceber além do que os olhos conseguiam ver. Um medo imenso de fazer a escolha errada, então me mantive sem fazer escolha alguma. Simplesmente alheia às tentativas. Não tentei nada, à não ser me manter distante de qualquer coisa que desencadeasse algum desequilíbrio. Fiz tudo errado.

Desequilíbrio as vezes é bom. Diria muito bom! O frio na barriga durante a espera pela ligação, sabe? Passei tempo demais olhando pro celular com desprezo e dois dedos de raiva de mim mesma. Sempre me perguntando porque insistia em passar meu número se nunca queria realmente atender as ligações. E agora, depois de meses de apatia, que saudade de olhar pro celular com olhos de quem faz uma prece silenciosa de "Toque, por favor. E que seja ele, que seja ele!".

Meti na minha cabeça que simplesmente adivinharia quando fosse a pessoa certa. Me enganei feio, admito. E me pergunto hoje quantas pessoas 'certas' deixei passar por simplesmente não suar frio ao dar o primeiro beijo. Como se alguma vez na vida os amores dramáticas tivessem dado certo pra mim!
No fim das contas acabo admitindo que inventei essa desculpa pra fechar todas as portas e não me sentir culpada por isso.

Mas agora já era. Tô nem aí. Me lixando! Que eu quebre a cara uma vez mais... Quem sabe até dez. Quero é me sentir viva outra vez. Quero me ver vivendo sem medo, sem essa preocupação boba sobre o que pode, ou não, dar certo. Tenho que reaprender o que é construir desejos e entrega. Tenho que desejar alguém no dia seguinte e me entregar todas as vezes que for beijada. Tenho que voltar a ser eu mesma. Com ligações, carinhos, mimos e nhem nhem nhem's que sempre foram a minha cara e eu fiz questão de deixar guardados numa gaveta por achar que não era mais hora de ser eu. Tô com saudade de mim. Da minha vontade de viver. Do meu jeito impulsivo de tornar tudo mais bonito. Do "SIM" sempre pronto. De fazer ser pra mim. Não lembro do momento em que decidi mudar, mas queria muito poder voltar no tempo.

Quero paixões fáceis outra vez. Todo o drama das mensagens sem respostas. Que saudade gigante de ouvir uma música e associar imediatamente a alguém, me perguntando se essa pessoa também pensa em mim. No fim das contas é esse o meu equilíbrio. É essa a minha forma de ser certa e inteira. E me quero de volta, de um jeito ou de outro. Com todos os exageros e chantagens emocionais. Com os mesmos olhos de esperança e sorriso de quem não quer mais perder tempo. É hora de me reencontrar. E então, quem sabe, encontrar alguém.

18 de junho de 2012

Do lado de lá.



Talvez eu devesse ter ligado no dia seguinte e dito que foi besteira. Um pedido de desculpas, como tantos outros. Outra vez nós dois na mesma cama, ou sofá, ou qualquer lugar que conseguisse suportar o peso de nossos corpos unidos. Eu sei que dependia apenas de mim para ser diferente. Sei que fui eu quem virou as costas primeiro, mesmo com toda a vontade de olhar pra trás. Sei de tudo, mas ainda prefiro colocar a culpa em você.


Talvez, com algum esforço, eu ainda consiga lembrar o número do seu telefone. Não liguei mais. Não há mais motivos. E ainda assim, não sei porque, acho um absurdo completo. Você e eu, dois destinos que caminharam lado à lado cantando sobre amor- hoje apenas silêncio e olhar perdido. Nunca vou conseguir pensar que é normal te ver e não abrir o mais largo dos meus sorrisos. Nunca vou me adaptar ao seu jeito, sem jeito, todas as vezes que acabamos por nos encontrar. É como não ter vivido o passado. É como não ter te conhecido. E isso nunca vai me parecer algo real.


Deixei o sentimento em qualquer lugar pelo caminho que não sei dizer ao certo qual foi. Outro dia acordei e pronto, quase que por encanto, já não havia mais a saudade angustiada. E nem mesmo olhando as fotos ela voltou. Foi estranho e ainda é. Hoje vejo com clareza que demorou muito mais porque eu quis que demorasse. De alguma forma era bom achar que eu deveria esperar. De alguma forma parecia errado deixar de sentir. Até que aconteceu tão naturalmente que, quando dei por mim, estava agradecendo por tudo ter sido exatamente como foi. Por ter aceitado que era bom que a vida passasse, como ela sempre faz.


O que tantas outras vezes intitulei, com muito orgulho, de amor, hoje não sei bem o que era. E não me orgulho disso. Mas agora, já sem todas as expectativas e conhecimento grande sobre o dar sem receber, vejo que o amor é bem mais que chorar por saudade. E o tempo, por quem sempre tive grande admiração, fez seu papel ainda mais bem feito que o de costume. Mostrou aos poucos todos os buracos invisíveis que nossa relação nunca foi capaz de preencher. Me fez ver, depois de anos cega, que na ausência um do outro, a gente dizia que não por culpa em admitir, mas acabávamos nos sentindo mais felizes. Não, 'felizes' não é bem a palavra. Mas ficávamos mais leves, mesmo que o encontro ainda causasse borboletas no estômago.


Aos poucos o homem que eu amava, deixou de ser assim. Em algum lugar entre as nossas brigas e as fotos de momentos felizes, fui deixando de perceber as coisas que antes eu tanto admirava em ti. Você não se tornou alguém pior, o problema nunca foi você. Você continuou apenas sendo você mesmo e, não sei bem porquê, mas aos poucos isso foi deixando de ser suficiente. Eu deixei de me esforçar para ver em você o cara por quem esperei a vida inteira.


Obrigada por ter consigo ficar bem sem mim. Por não ter voltado. Por ter encontrado um jeito de continuar sendo você, mesmo quando eu fazia de tudo para mudar isso. Eu fui terrível, sei bem. E aprendi com cada um dos meus erros. Ponho a culpa em você porque sou do drama, você sabe. Mas todo esse tempo em que escolhi ser sozinha foi exatamente para não agir outra vez como agi com você. Eu também custei a acreditar, mas a solidão me fez bem melhor. E espero que um dia você possa perdoar as vezes que falei coisas que você não merecia ouvir. Somos inteiros demais e agimos errado tentando ser a metade um do outro. Acho que o tempo já desculpou esse nosso equívoco.


Lembro de você com uma paz que é quase um crime. Por vezes acho impossível que tenha mesmo acabado assim. Mas sei bem que foi o melhor final que poderia ser escrito pra nós dois. E retiro aqui todas as culpas que lhe dei. Não existe mais nenhum segredo que seja apenas nosso e, como consequência disso, nada mais nos une. Parabéns pela sua vida sem mim. Agora é minha hora de, uma vez por todas, atravessar a rua. Do outro lado, tenho certeza, a vista é bem mais bonita. Dá pra ver pelo seu novo sorriso.

12 de junho de 2012

Pro amor que vai chegar.


Tem dias em que vou brigar. E você vai detestar os berros. Vez ou outra sou muito mal-humorada, coisa que você vai acabar descobrindo. Não pergunte o motivo, na maioria das vezes ele não existe e, caso exista, brigarei ainda mais se você não for capaz de descobri-lo sozinho. Faça de conta que sabe o que aconteceu. Faça de conta que eu tenho razão. A gente vai acabar rindo depois. É que na TPM eu fico ainda mais temperamental. Respira fundo. Faz que não tá vendo. De agora, desculpa. Não vou fazer por mal.


Quando chove não consigo não pensar em como será quando você chegar. Fico olhando o silêncio, me perguntando por onde andarão seus pés que não estão juntos dos meus sob o cobertor. Nesses dias bate uma saudade enorme das coisas que viveremos juntos e eu sinto vontade de te escrever dizendo como eu gostaria que tomássemos um café juntos enquanto a água não para de cair lá fora. Na maior parte do tempo sou sozinha, por escolha. E sinto que você será a única pessoa capaz de me fazer optar por companhia, uma voz diária falando sobre si mesmo e alguém roubando metade do espaço da minha cama. Você será bem-vindo, tenha certeza.


Vez ou outra, dias difíceis. Esses em que eu vou acabar ligando pedindo por socorro. Saiba do pior dos meus segredos: Sou frágil. Demais. Em excesso. E choro com uma facilidade que as vezes me assusta. E quero colo como uma criança que não quer ficar sozinha na escola no primeiro dia de aula. E tenho a sensação de que você é a única pessoa que saberá como me acalmar nesses momentos. Sei que isso assusta. Sei que pode ser que você não saiba lidar com a situação. Mas por favor, fique. Eu costumo acordar bem melhor no dia seguinte. E vou te amar ainda mais. Prometo ser uma fortaleza caso você precise. Sei que parece impossível, mas eu tenho meus truques. Nunca fui do tipo que abandona o barco. 


E virão os dias fáceis. Esses bonitos. Que independem de sol e chuva. Nós dois dividindo segredos. Sua voz do outro lado do telefone. Juras sinceras. Esperanças renovadas em abraços.Vamos viver a loucura e a normalidade, ambas com toda a mágica possível. E vamos brigar pelo controle da tevê. E vou fazer algo que a gente possa comer. Dar todo o carinho do mundo e nunca achar que é o suficiente.Vamos ter nossas próprias piadas e uma infinidade de afinidades que jamais se perderão. Vamos sempre dar um jeito de deixar o dia do outro mais bonito, da forma que nos for possível. Não posso dizer que será fácil, mas certamente será lindo.


Quando for hora, venha! Não ligue ou mande avisos. Apenas me pegue de surpresa e me faça rir. Prometo doar a você todos os bons sentimentos que tenho guardado todo esse tempo. Não posso prometer muita normalidade, admito! Mas se você decidir ficar pra vida inteira, meu amor, como eu serei feliz em te fazer feliz também. E darei um jeito de tornar a loucura o melhor dos mundos, sem muita calma, mas com todo o bom sentimento que temos pra viver.

6 de junho de 2012

Como se fosse a primeira vez.


Quanto tempo passamos ensaiando um gesto? Horas frente ao espelho e um cabelo que nunca parece estar realmente bom. Um monte de conselho das amigas, feito cd emperrado, repetindo na cabeça.
Ainda não descobrimos a fórmula da perfeição e esse pecado nos persegue diariamente. Porque, não bastasse o esforço físico e mental, não há nada daquela luz no fim do túnel da qual as pessoas tanto falam e a gente, num ato desesperado, não cansa de procurar. Cada dia fica mais difícil. Cada novo cara, é um novo rumo. Cada vez mais a gente não sabe quando deve, ou não, seguir.
Palavras nunca são o que parecem. É como ver um filme ao contrário. E tudo no que querem que você acredite, é mentira. Sem o drama que a coisa toda parece ter. Numa boa: Nem bola de cristal seria capaz de ver como as coisas vão acabar. Parece que o mínimo detalhe muda tudo, qualquer palavra dita em hora errada, um soluço em meio ao silêncio e pronto - eis o caos, tudo fora do lugar.
Depois são vários dias procurando um motivo. Quê que eu fiz de tão errado? E fica bem pior quando o sorriso mais bonito do mundo decide andar junto de um outro, que não o nosso e nem tão bonito, de cima e de baixo, dando nome ao relacionamento e tudo. Nós, reles mortais decididas a esquecer, não conseguimos deixar de querer receber notícias. E jamais vamos conseguir entender o que fizemos de tão errado.
E então a gente parte pra auto-ajuda. Caio Fernando Abreu, Tati Bernardi, Martha Medeiros. Qualquer um que seja capaz de dizer que somos bonitas e que as coisas vão melhorar. E repetimos, cheias de uma crença quase real, que irão mesmo. Que não vale à pena ficar mal. Que amanhã é outro dia. Todas essas coisas que fazem a gente achar que encontrou uma força desmedida, até que chega a hora de dormir e estamos lá sonhando acordadas com alguém que não existe. Aliás, esse é nosso maior defeito: Nos apaixonamos por alguém que não existe. Alguém que, para a nossa infelicidade, só existe na nossa cabeça e que, por esse motivo, jamais será capaz de avaliar o quanto perdeu ao nos deixar sem uma razão real para isso.
E em pouco tempo, depois de alguns porres e inúmeros caras que ou beijavam mal, ou tinham namorada, damos de cara com o próximo. Que parece o primeiro. Que outra vez pedirá o número do celular e ligará no dia seguinte. Que vai levar pra jantar e aceitar ver um romance no cinema. Que vai apresentar os amigos, conhecer as amigas, tentar unir as turmas, buscar na faculdade. E que outra vez, como encanto, vai acabar sumindo. Deixando outra vez uma sensação de cansaço, uma quase desistência. Inúmeras dúvidas novinhas em folha, embora já usadas numa outra ocasião, que não fosse o sapo ter nome diferente, nos faria ter certeza de ser o mesmo filme.
E é qualquer coisa, menos burrice. Embora algumas amigas, numa crítica construtiva, venham a dizer isso. Só que não. Não é burrice, ou carência, ou desespero. É só aquele fio que chamam de esperança, que insiste em nascer em nós diariamente, enchendo a vida de algum sentido. Ainda que o espelho não mostre exatamente o que queremos ver ou que, como manda o script, exista um drama louco do meio pro fim. Outra vez vamos nós, como se fosse a primeira. Largando a armadura, adquirida dolorosamente numa batalha passada. Suspirando pelos cantos aos ouvir uma música romântica. 
Nós e o nosso incrível dom de recomeçar. Não há nada no que sejamos melhor. Não há nada que nos encoraje mais. E que bom! Que bênção. Tudo novo, de novo. O mesmo gás, a mesma fé, os mesmos anseios, mas bem menos disposição para perder tempo ou ilusionar relações. E amém por isso!

1 de junho de 2012


Andei me desfazendo de algumas coisas. Algumas crenças. Muitos dos sonhos. Isso tudo sem muita escolha. Depois que o tempo decidi lutar contra a gente, não há muito o que se possa fazer. A gente vai apertando os afazeres em meio à correria do maior vilão, deixando que os espaços sejam preenchidos por realidade. Utopias acabam por requerer esforço demais. A gente acaba se entregando.
Sei que eu disse que não desistiria. Eu achei mesmo que seria capaz. Nunca menti quando disse achar que a gente pode tudo qualquer-coisa-que-quiser. As vezes ainda penso assim, mas são momentos raros. Nos demais,  que é quase sempre, tenho que me conformar com o fato de que não posso ser duas e, única que sou, não posso me dar ao luxo de perder tempo imaginando a casa de cerca branca que não cabe mais aos dias atuais. A consequência dos sonhos é o que sou hoje: Traços cansados e fé em muita pouca coisa.
Sei que você vai dizer que essa menina é boba. E talvez seja. Mas sonhar com três filhos correndo pela casa só fez com que as possibilidades, aos poucos, sumissem. E casar aos 22 acabou se adiando. Quem sabe aos 25. Muito provavelmente aos 30. Isso se casar, já que acabou descobrindo que a solidão nem é tão maléfica quanto os outros pregam. Perdeu a conta de quanta vezes a solidão foi necessária e agora já não duvida que acabe se tornando a mais fiel das amigas. Talvez seja essa a melhor das opções, que à essa altura, não são tantas.
Endurecer não me fez mal. Muito pelo contrário. É bom saber o quanto a gente é capaz de suportar. E o caos que as pessoas fizeram por aqui, mais que qualquer coisa, fez muito bem pra mim. É bom saber do que as pessoas são capazes, mesmo que elas sejam sempre capazes de mais. Já não há mais tanta expectativa, o que gera muito menos frustração. Diferente do que dizem, não sou tão diferente do que era antes. Talvez um pouco mais que o que as pessoas julgavam ser possível. Quando por pura obra delas acabei chegando aqui: Um pouco longe de onde eu sonhava chegar, mas bem perto do que chamam realidade. Ser normal, pelo visto, não é tão ruim assim. Talvez eu até me acostume.