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25 de março de 2011

A Miragem


Ah se pudéssemos contar as voltas que a vida dá pra que a gente possa encontrar um grande amor.
Como se pudéssemos contar todas as estrelas desse céu, os grãos de areia desse mar, ainda assim, pobre coração o dos apaixonados que cruzam o deserto em busca de um Oásis. Arriscando tudo por uma miragem, pois sabem que há uma fonte oculta nas areias - Bem aventurados os que dela bebem, os que para sempre serão consolados.
Somente por amor a gente põe a mão no fogo da paixão e deixa se queimar. Somente por amor movemos terra e céus, rasgando os sete véus, saltamos do abismo sem olhar pra trás. Somente por amor a vida se refaz.
Somente por amor a gente põe a mão no fogo da paixão e deixa se queimar. Somente por amor a vida se refaz e a morte não é mais pra nós.
 (Marcus Viena)

13 de março de 2011

por Arnaldo Jabor

"Ah... minha querida, eu tenho é medo dessa simbiose da gente... com você eu quis mais que um casamento, eu quis tocar uma verdade, eu quis dar um beijo que ficasse, um gozo que não passasse mais, uma marca de amor que não saísse da tua pele, te marcar, te suar... virar você."

18 de setembro de 2009

Por Fernanda Gava [2]

Hoje eu me denomino hoje. Bem diferente de ontem, sem esperar com tanta ânsia o amanhã. Vou em pequenos passos. Provavelmente bem menores que a maioria dos de 1985. Há dias em que aqui só se empurra com a barriga, outros de revolução intensa. Como disse há poucos, o hoje, hoje sabe de quase nada e menos ainda de si. Perdeu um pouco da fé aparentemente inabalável, não casou e fraquejou em alguns dos seus valores. Conservou certos hábitos começando por aqueles que se referem aos poucos amigos. O hoje já aceita a mortalidade. Sentiu friamente que não é um ser intocável. Ainda crê no corpo fechado, adoece pouco, mas a vida andou mostrando que a tal mola precisa periodicamente ser lubrificada. Catalisou alguns dos seus sentidos nesse meio tempo. Enxerga perfeitamente bem, enxerga fundo, enxerga o que nem sempre deseja, mas continua mais surdo que uma porta. É mais direto que antigamente, já não trabalha mais tanto com entrelinhas. Vive de uns 3 amores e os animais ainda estão no topo dos que mais sensibilizam. A estrada continua sendo a válvula de escape perfeita e a saudade o vilão mais famoso. Perde o sono, perde o juízo, perde a chance de ficar quieto. O hoje simplesmente irrita quando a força do hábito fala mais alto e ele resolve entrar em crise com o tempo. Não quer crescer, quer colo, quer voltar pro Pré da Tia Rose.O hoje é um incógnita previsível. Com sobra de falta de paciência e bunda grande. Que não sabe não ser tudo que é mesmo não sabendo exatamente o que seria. Com ele Deus fez tudo certo. Em especial quando resolveu jogá-lo aqui na versão mulher. Sabia que não daria certo em outro molde já que não tem saco nenhum. Está em constante e interminável processo de adaptação ao mundo. Sem muita ambição de sucesso quanto ao mesmo.
O hoje esses dias deu passos enormes em direção da normalidade. Daquilo que o mundo todo almeja. Um coração em paz, um trabalho que satisfaça e um bom lugar pra terminar um dia.
Como disse ele está bem diferente de ontem, o que pra esse caso vem a ser, muito melhor.


[ Fernanda Gava,
que SEMPRE escreve como quem escreve por mim e por ela ]

24 de julho de 2009

Sushi - Marian Keyes [2]

Depois que Lisa deixou Ashling e Clodagh na portaria, obrigou-se a voltar a pé para casa. Era algo que passara a fazer regularmente, para contrabalançar todos os jantares que Kathy a obrigava a comer. Enquanto caminhava, obrigou-se a manter a tristeza a distância. Sou fabulosa. Tenho pais fabulosos. Tenho um novo emprego fabuloso como consultora de mídia. Tenho sapatos fabulosos.
Quando dobrou a esquina de sua rua, viu que alguém da vizinhança se sentava no degrau da porta, à sua espera. O que a surpreendia era que não pegassem as chaves com Kathy e entrassem sem a menor cerimônia, pensou, irônica.
Sentiria falta de todos eles quando voltasse para Londres. Embora Francine vivesse lhe dizendo que não era o caso, pois Lisa receberia tantas visitas, que seria quase como se não tivesse chegado a ir embora.
Mas, afinal, quem estava no seu degrau? Francine? Beck? Mas a pessoa era do sexo errado para ser Francine, alta demais para ser Beck, e... Lisa sustou o passo, ao perceber que era da cor errada para ser qualquer um dos dois. Era Oliver.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou, atônita.
— Vim ver você — respondeu ele.
Ela alcançou a porta e ele se levantou com um largo sorriso branco.
— Vim reconquistar você, paixão.
— Por quê? — Ela enfiou a chave na fechadura e ele entrou atrás dela no vestíbulo. Sentia-se confusa — e estranhamente ressentida. Passara o dia inteiro se esforçando para “tocar a bola para a frente”, e ele lhe dera uma rasteira.
— Porque você é a melhor — disse ele, com toda a simplicidade. E outro sorriso ofuscante.
Ela atirou as chaves na mesa da cozinha.
— Pois chegou um pouquinho atrasado — tornou ela, irritada. — Nós acabamos de nos divorciar.
— Sabe — disse ele, pensativo —, eu me sinto uma merda com esse divórcio. Deu um nó na minha cabeça que você não faz uma idéia! Mas, enfim, não há nada que impeça a gente de se casar de novo — disse, sorrindo. E, quando ela lhe deu um olhar cuja legenda era “Seu filho-da-mãe maluco”, ele insistiu: — Estou falando sério!
Ela lhe lançou outro olhar da mesma família do primeiro, mas, de repente, seus pensamentos ficaram um pouco irrequietos e difíceis de dominar. A idéia de se casar com Oliver de novo era ridícula, mas tentadora. Extremamente tentadora — durante mais ou menos um nanossegundo. Em seguida, ela caiu na real.
E perguntou, brusca:
— Não se lembra de como era horrível? No fim, a gente discutia o tempo todo, era um inferno. Você tinha ódio de mim e do meu emprego.
— Tem razão — admitiu ele. — Mas, em parte, a culpa foi minha. Quando você desistiu de ter um bebê, eu devia ter te dado atenção. Sei que você tentou me contar, paixão, mas eu não queria saber. Foi por isso que fiquei louco da vida quando descobri que você ainda estava tomando a pílula. Mas, se tivesse te dado atenção... Enfim... E você está tão diferente, não é mais tão dura quanto era. Sinto muito, paixão — disse ele, ao ver que ela se encrespara —, mas é a verdade.
— E isso é bom?
— Claro.
Diante de sua expressão cética, ele disse, com brandura:
— Lisa, nós estamos separados há mais de um ano, e a barra ainda não aliviou para mim. Não conheci ninguém que chegasse aos seus pés.
Sua expressão era ansiosa, como que à espera do encorajamento ou aquiescência dela, mas ela não lhe deu nenhum dos dois. Toda a despreocupação que ele sentia ao chegar se esvaíra, e estava subitamente ansioso.
— A menos que você tenha conhecido alguém. Se for o caso, eu tiro meu time de campo — disse, gentil. — E desisto de tentar reconquistar você.
Com uma fisionomia inescrutável, Lisa o encarava, considerando a hipótese de lhe dar um sorrisinho maroto, do tipo talvez-sim-talvez-não. Isso daria um basta naquela situação absurda, perigosa. Do nada, porém, mudou de idéia. Jamais jogara com Oliver, por que haveria de começar agora?
— Não, Oliver, não conheci ninguém.
— Tudo bem — ele assentiu lenta e cautelosamente. — Bom, já posso parar de me roer por dentro. — Após uma pausa nervosa, continuou: — Ainda te amo. Agora que estamos mais velhos e mais maduros — deu um risinho inseguro —, acho que tem tudo para dar certo.
— Acha? — A pergunta foi feita com toda a calma.
— Acho — afirmou ele, categórico. — E, se você estiver interessada, posso me mudar para Dublin.
— Não seria necessário, vou voltar para Londres no fim da semana — murmurou ela.
— Então, Lisa — disse Oliver, com uma expressão extremamente séria —, só resta saber se você está interessada.
Seguiu-se um longo e tenso silêncio. Por fim, Lisa disse:
— Acho que sim. — De repente, sentia-se encabulada.
— Tem certeza?
— Tenho. — Deixou escapar um risinho nervoso.
— Paixão! — exclamou ele, fingindo-se indignado: — Se é assim, por que é que você está me torturando desse jeito?!
Ainda encabulada, ela confessou:
— Eu estava com medo. Eu estou com medo.
— De quê?
— De ter esperança, acho — disse ela, dando de ombros. — Não queria ter nenhuma, porque havia a hipótese de você estar agindo por impulso. Eu tinha que ter certeza da sua certeza antes mesmo de poder pensar no assunto. Porque — confessou, tímida — eu te amo.
— Então não precisa ter medo — prometeu ele.
— Quando foi que você ficou tão ajuizado? — resmungou ela.
Ele soltou uma gargalhada forte e alta, uma gargalhada tipicamente sua, e, de repente, os pensamentos de Lisa simplesmente dispararam, como cães soltos de suas coleiras.
Quanta sorte ela tinha de ganhar outra chance? A extensão integral de sua suprema boa fortuna revelou-se para ela, e ela se sentia no sétimo céu, quase imponderável de felicidade. Nem todo mundo tem uma chance dessas, compreendeu, degustando, pela primeira vez na vida, o valor do momento presente.
Vou fazer tudo diferente dessa vez, jurou de pés juntos. Os dois fariam. E, mais uma coisa, o fecho de ouro, por assim dizer: se dois casamentos entre as mesmas pessoas eram bons o bastante para Burton e Taylor, então também eram bons o bastante para ela. Incapaz de frear sua cabeça eufórica, já planejava um segundo casamento, um festival de plumas e paetês, pompa e circunstância. Nada de fugir para Las Vegas dessa vez — não, fariam tudo como mandava o figurino. Sua mãe ficaria deslumbrada. E eles chamariam a revista Hello! para fotografar a cerimônia...
Como se pudesse ler os pensamentos de Lisa, Oliver exclamou, ansioso:
— Calma, tigresa!

Retirado do livro Sushi de Marian Keyes, capítulo 65.
Ps: Só conto histórias com finais felizes. Diga-se de passagem, que final feliz... Recomendo muito o livro. Mesmo.

17 de julho de 2009

Sushi - Marian Keyes

O primeiro beijo foi frenético, um choque de dentes contra dentes. Tentando fazer coisas demais de uma só vez, ele puxou os cabelos dela, puxou seu Spencer, beijou-a com força excessiva e, logo em seguida, arrancou a própria camisa.
- Peraí, peraí, peraí. - Parecendo exausto, encostou as costas nuas na porta.
- Que foi? - murmurou ela, embotada à vista de seu peito musculoso e brunido.
- Vamos começar de novo. - Ele a puxou contra si com toda a delicadeza. Ela escondeu o rosto em seu peito. O cheiro especial de Oliver. Até então esquecido, mas logo relembrado por seu olfato com um impacto estupidificante, imperioso. Apimentado, a um tempo doce e picante, colônia ou roupa. Um cheiro que era simplesmente ele.
A sensação de familiaridade trouxe-lhe lágrimas aos olhos.
Com uma fragilidade intolerável, ele depôs um beijo no canto de sua boca. Como se fosse pela primeira vez. Em seguida, outro beijo, enquanto roçava o nariz em sua face. E mais outro. Avançando lentamente para o centro, criando um prazer que era quase indistinguível de dor.
Sem se mover, quase sem respirar, ela o deixava aplicar seus beijos.
Os momentos em que fazia sexo com Oliver eram os únicos na vida de Lisa em que ela fazia o papel passivo. Quando não estava no controle, quando não era uma ave de rapina, hiperativa ou voraz. Sempre deixava que ele assumisse o comando, ele adorava isso.
- Olhos nos olhos e você nem está neles - ele costumava observar. - É só uma menina frágil e indefesa.
Ela sabia que o excitava o contraste entre sua rebeldia habitual e tamanha passividade sexual, mas não era esse o motivo que a levava a adotar tal postura. Com Oliver, não era preciso assumir o comando da situação. Ele sabia exatamente o que fazer. E ninguém fazia melhor.
Os beijos passaram da boca para o pescoço e a raiz dos cabelos. Com os olhos fechados, ela gemia de prazer. Poderia morrer agora - sim, poderia, sem a menor dúvida. Ela o ouvia sussurrar, o hálito quente em seu ouvido:
- Já não é mais você, paixão.
Como uma sonâmbula, deixou-se conduzir para a cama. Estendeu os braços obedientemente para que ele despisse seu Spencer, em seguida alteou os quadris para que puxasse sua saia. Os lençóis lisos e frescos estenderam-se sob a pele nua de suas costas. Todo o seu corpo tremia, mas ela se manteve como estava, deitada, imóvel. Quando ele roçou seu mamilo com a boca, ela teve um sobressalto, como se levasse um choque elétrico. Como podia ter esquecido o quanto era sensacional?
Os beijos foram descendo cada vez mais. Ele depôs um beijo levíssimo sobre seu ventre, tão suave que mal arrepiou a penugem, mas que a deixou à beira de um orgasmo.
- Oliver, acho que vou...
- Peraí!
O preservativo foi a nota destoante da noite, o único detalhe a relembrá-la de que as coisas não eram mais como antigamente. Mas recusou-se a pensar nisso. Com que então, ele provavelmente andava dormindo com outras mulheres? Pois bem, ela também andava dormindo com outros homens.
Quando ele a penetrou, ela experimentou uma grande sensação de paz. Soltou um longo e sincero suspiro, toda a tensão abandonando seu corpo. Por um momento fruiu a ausência de agitação, até que ele se pôs a avançar dentro dela com golpes compridos e lentos. Ela pretendia desfrutar isso. E sabia que iria.
Quando terminaram, ela chorou.
- Por que você está chorando, meu amor? - Ele a aconchegou em seus braços.
- É só uma reação fisiológica - disse ela, já recobrando o controle de quem realmente era. Bastava de passividade. - É comum as pessoas chorarem depois do orgasmo.
A raiva e o constragimento iniciais haviam sido incinerados pela paixão. Agora jaziam na cama, conversando sem pressa, aninhados nos braços um do outro, com um afeto estranhamento confortável. Era como se jamais houvessem se separado, jamais houvessem discutido ferozmente, jamais houvessem se lembrando um do outro com ressentimento. Não que qualquer um dos dois tivesse a ingenuidade de achar que o sexo indicava uma iminente reconciliação. Mesmo nos piores momentos de sua crise, haviam feito sexo. Parecera proporcionar-lhes uma válvula de escape para todo aquele excesso de emoção.
Alheia, ela passou as mãos pela ondulação de seu bíceps.
- Ainda malha, pelo visto. Quantos peitorais faz hoje em dia?
- Cento e trinta.
- Caramba!
A conversa ainda se prolongou por horas depois da meia-noite, até que, por fim, ele bocejou.
- Vamos dormir, paixão.
- Tá - disse ela, sonolenta. Não havia dúvidas de que ela iria embora, ambos sabiam disso. - Vou só dar um pulo no banheiro.
Depois de lavar o rosto, usou a escova de dentes dele. Foi algo que fez sem pensar, e foi só quando terminou que se deu conta disso.
Quando voltou do banheiro, enfiou os pés frios entre as coxas dele para aquecê-los, como sempre fizera. Então dormiram como haviam dormido quase todas as noites durante quatro anos, aconchegados na posição das colherinhas: ela enroscada num C, ele enroscado num C ainda maior por trás dela, envolvendo-a dos pés à cabeça, a palma da mão quente pousada sobre sua barriga.
- Boa-noite.
- Boa-noite.
N escuridão, Oliver comentou:
- Que coisa mais esquisita. - Ela sentiu o sofrimento e a confusão em sua voz. - Estou tendo um caso com a minha própria mulher.
Ela fechou os olhos, comprimindo a coluna contra a barriga dele. A tensão mantinha seus dentes permanentemente trincados foi cedendo aos poucos, até finalmente passar. Ela dormiu melhor do que dormia há muito tempo, muito tempo.


Extraído do Livro Sushi, capítulo 40 da autora Marian Keyes.

27 de março de 2009

Lua Nova.

O tempo passa, mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como sangue pulsando sob um hematoma. Passa, de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim.

[Stephenie Meyer]

22 de março de 2009

Por Fernanda Gava.

Eu queria, pra variar, te falar um milhão de coisas que não vou conseguir. O fato é que eu evitei por muito tempo chegar até aqui. Mas eu sei e também não espero, tu nunca vais querer mudar. E talvez nem seja isso mesmo que salve a gente. Talvez seja isso só mais uma coisa pra eu poder apontar como vilão para esse nosso fim.
Eu acho que a gente foi deixando aos poucos de existir. Digo um eu e você juntos. Separados, muito pelo contrário, eu dei um salto e me sinto mil vezes mais madura do que quando nos encontramos. Tu, como já disse, nunca se sentiu tão bem e com a personalidade tão bem definida. E não é querer arranjar mais um culpado, mas talvez tenha sido também esse crescimento independente um do outro que fez com que nós nos afastássemos. A gente de certa forma deixou de precisar um do outro, dos carinhos, dos conselhos, do ombro amigo, da simples presença. A falta se tornou comum e a falta de iniciativa banal. A gente se acostumou com a falta de romantismo, com as conversas formais, com
dormir desgarrado, com andar separados, com o desvio dos olhares e os encontros cada vez menos freqüentes. Eu via que tu se desapaixonava por mim e não tinha entusiasmo para lutar contra. Eu te via levando uma vida paralela cada vez mais forte e não tinha coragem para ir contra algo que te dava tanto prazer. E ao invés de abrir teus olhos, mesmo convencionalmente, seres tu quem deveria reconhecer, poderia ter avisado que tu me perdias.
Eu segui teu exemplo e fui viver também. De uma vidinha vazia mesmo, mas que me fazia esquecer da dor que causava o teu descaso, que me fazia chegar em casa e dormir. Eu que sempre te tive como prioridade fui dando espaço a outras coisas para desbancar o amor que estava em primeiro lugar.
Porque você também nem no final das contas, quando o fogo já apagava, se deu ao trabalho de se ocupar com a gente. E eu imagino que nem agora, que estou te dando realmente adeus, tu venhas a se preocupar. È muito a tua cara, a cara do cara pelo qual fui apaixonada por esses anos. Mas que me submeteu a tornar-se uma mulher sem expectativas, que amava sozinha e não espera nada, além de uma explicação no fim do dia.
E eu falei que não ia procurar culpados mas fica difícil não procurar quando é necessário se desvincular, tendo um coração que ainda bate. Bate forte. Eu preciso provar a mim mesma que não dá mais, e essa é a melhor forma que eu encontrei. Então não espere e não se magoe e nem me chame de ingrata por eu não falar do tempo lindo que conseguimos manter juntos. Eu fraquejaria. Choraria da forma que tu mais odeia e continuaria a ser quem eu não quero mais ser. Enfim meu amor, essa é a minha carta de despedida. A que você não vai ler até o final e que só servirá de explicações a mim mesma.

Ainda com muito amor.


(A Fernanda tem o dom de descrever as coisas que eu sinto, não sei bem porquê, mas eu agradeço, já que a fraqueza vem sendo tanta que não consigo mais sequer escrever)

4 de dezembro de 2008

27 de agosto de 2008

Triz.

Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado de você. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente.

Ontem ri tanto no jantar, tanto que quase fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo.

Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente.

Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.

Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, no mesmo lugar, incomodando a cada segundo, me lembrando o tempo todo que aquele pontinho é um resto, um quase não pontinho.

Você, que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. Um quase que não me deixa ser inteira em nada, plena em nada, tranqüila em nada, feliz em nada.

Todos os dias eu quase te ligo, eu quase consigo ser leve e te dizer: "Ei, não quer conhecer minha casa nova?" Eu quase consigo te tratar como nada. Mas aí quase desisto de tudo, quase ignoro tudo, quase consigo, sem nenhuma ansiedade, terminar o dia tendo a certeza de que é só mais um dia com um restinho de quase e que um restinho de quase, uma hora, se Deus quiser, vira nada. Mas não vira nada nunca.

Eu quase consegui te amar exatamente como você era, quase. E é justamente por eu nunca ter sido inteira pra você que meu fim de amor também não consegue ser inteiro.

Eu quase não te amo mais, eu quase não te odeio, eu quase não odeio aquela foto com aquelas garotas, eu quase não morro com a sua presença, eu quase não escrevo esse texto.

Tati Bernardi.




* Eu quase escrevi esse texto. Mas tati achou melhor escrever por mim. E arrasou como sempre. Faço de minhas as palavras dela!

15 de julho de 2008

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar.

(Florbela Espanca)