27 de março de 2010

Fato.

"Se é verdade mesmo que a gente só ama de verdade uma única vez a vida inteira...
Então já era. Já foi.

Mas deve haver por aí outro tipo de amor menos dolorido e mais fácil de sentir.
Não custa nada acreditar."


23 de março de 2010

Vou. E não volto.


Estou dando adeus. Partindo. Indo embora. E dessa vez é pra sempre.
Vou por não ter melhor opção. Já não me cabe no seu jogo, já não há espaço em sua vida para alguém como eu, sempre tão espaçosa e insatisfeita com pouca atenção, pouca acomodação, pouco sentimento.
Vou por saber que é assim que você quer que seja. Embora me doa em cada pedaço da alma ter que reconhecer isso, eu já não te encanto mais. Meu mundo fantasioso, meus sonhos exagerados, meus planos e sentimentos tórridos. Nada mais em mim lhe é atrativo e não o culpo por isso. Os homens cansam fácil da mesmice e eu tenho sido a mesma todos esses anos. O mesmo cheiro, o mesmo corpo, a mesma pele e o mesmo desejo. Tão previsível quanto nosso fim, só eu não quis ver.
Não espero que você me peça pra ficar, até porque eu não o faria. Não duvido do seu amor, assim como sei que o meu, ainda que tão abalado, jamais vai acabar. Não foi amor que nos faltou, não, amor a gente tem até muito. Foi a tal da novidade, a charmosa mudança e a incrível coragem pra fazer diferente. Faltou ânimo, disposição. Nós dois sempre tão acomodados com o fato de dormirmos juntos na mesma cama durante todos esses anos, acabamos por ter preguiça de mudar a cama de lugar, por esquecer de trocar a colcha, por deixar pra comprar um colchão novo sempre depois. Um depois que nunca chegou e nem chegará.
Você achará estranho no começo, sentirá falta das conversas matinais e da companhia pra ver o telejornal, mas isso é coisa que dá pra reinventar, pra colocar alguém no lugar. Em semanas você terá resolvido esse problema e eu prometo que jamais vou lhe culpar por nada. Em pouco tempo você será novo. O homem novo que eu tanto desejei, mas que deixei pra uma também nova mulher que jamais será eu, porque não estou disposta a mudar.
Vou com pés que tentam andar pra trás, com lágrimas que anseiam pela volta, com um coração que bate mais acelerado a cada km de distância. Vou com a indecisão terrível de quem sabe que está fazendo a coisa certa pelos motivos errados. Vou com o sorriso falso de quem sabe que ficar só pioraria as coisas.
Vou com você dentro dos meus olhos, dos meus sonhos, da minha boca. Vou com tudo de você em mim, que eu não conseguirei apagar. Vou com todos os teus risos decorados, todos os teus olhos guardados, todas as tuas manias inesquecíveis.
Vou apenas por saber que outra opção nenhuma nos faria mais feliz, mesmo nos matando de tristeza por dentro. Vou por ainda te amar tanto e achar um absurdo ver você afundando no homem perfeito que eu criei pra mim. Vou e não volto. Vou com você inteiro pra minha alma, mas em farelos pras minhas mãos que não voltarão a te tocar. Vou sozinha, mesmo querendo te levar comigo.

20 de março de 2010

Sobre o escuro.

Palavras de uma menina que preferia a noite. Por escolha própria, mantinha as lâmpadas todas apagadas.

"A escuridão dá segurança as pessoas. Até para as mais medrosas costuma fazer bem - afinal o que é melhor que ficar agarradinha no escuro sendo protegiada pelo amor da sua vida? Deixa que eu mesma respondo - nada!
No escuro as pessoas não são baixas ou altas demais e ninguém vê seus quilinhos a mais. No escuro ninguém vai comentar sobre seu cabelo bagunçado ou sobre o fato de sua roupa não ser tão cara. No escuro você não conhece as pessoas, você as reconhece.
Reconhece a voz, aquela voz que te dá paz e que será sempre a mesma, em qualquer lugar do mundo, indepentende das condições meteorológicas. Reconhece o toque, porque seria impossível não reconhecer aquelas mãos. Reconhece um traço, muitas vezes despercebido se apenas visto com os olhos, mas incapaz de não ser reconhecido quando tocado, quando sentido.
No claro as pessoas reconhecem o que há de mais superflúo. No escuro não. No escuro não somos nós quem reconhecemos, são nossas almas. E elas vêem além."

Detalhes tão pequenos de nós dois

São coisas muito fortes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes, você vai ver.


4 de março de 2010

Desencontrando, outra vez.



Acho que o que me faltou foi ser antiga.
Faltou não gostar dessa coisa louca e apaixonante, chamada liberdade.
Não que eu devesse estar presa a você, não é isso. Mas eu deveria ter me sentido livre ao seu lado, ao invés de ansiar como louca pela hora que você fosse embora, pra que assim eu pudesse ser eu mesma. Porque eu não sou ligada à família, não me satisfaria com a bela casa branca e você dentro dela fazendo de conta que era um final feliz. Não! Eu não me satisfaria com algo tão normal, e você sabe disso.
Talvez eu devesse ter sido menos eloqüente. Porque eu amava você, eu o amava muito, mas não mais que a minha liberdade, não mais que ao mundo de planos inconstantes que eu me acomodei a ter. E talvez eu ainda o ame, só um pouco ou muito e disfarçadamente, quem sabe... Já não sei de muita coisa. Talvez eu vá amá-lo para sempre, mas isso não vem mais ao caso.
Me faltou muito do que você procurava em alguém. Me faltou muito do que eu queria ser para alguém. Acho que eu só ainda não estava preparada e continuo sem estar, porque mesmo o querendo de volta, continuo apaixonada por tudo aquilo que na verdade não me pertence, não pertence a ninguém. O que faria de você, caso voltasse para mim, algo nada apaixonante.
Daqui a uns dez anos quem sabe, talvez nunca ou por pura malandragem do destino, no mês que vem. Na semana que vem. Mas seria bom reencontrar você. Sem aquelas palavras duras, sem aquela necessidade de olho no olho, sem cobrança da verdade. Um encontro leve, como costumava ser, quando ainda brincávamos de nos amar de verdade. Um encontro sem os beijos quentes, sem o sexo louco, sem as brigas chatas. Um encontro apenas. Um encontro de poucas palavras. Um encontro de poucas palavras, mas cheio de verdades ditas por vontade e não por cobrança.
Um encontro que provavelmente nos surpreenderia: Eu antiga. Você apaixonado pela liberdade.
Entende?
Eu também não.
Porque continuo sendo a mesma. Continuo ansiando o desconhecido, continuo buscando a liberdade, mas aprendi a ser antiga. Quase uma relíquia. Uma relíquia tão tardia a ser encontrada, que perdeu o valor. Passando a ser só mera antiguidade desapropriada aos dias atuais. Vim crescer tarde demais.
Mas sempre fora assim, eu e nossos encontros às escuros: Sempre chegando atrasada. Tudo bem, hoje me ver chegar no horário certamente te deixaria entediado. O desencontro continua sendo nosso melhor remédio, porque buscamos tanto a mudança e veja só, quanto mais mudamos, menos nos pertencemos. Quem sabe um dia aprendamos a usar isso a nosso favor. Quem sabe...

2 de março de 2010

Divã, o filme.

Tão lindo e tocante que deixa assim, leve, quase sem sentir.


"Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.

Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Não era amor, era uma sorte.
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, eram dois travesseiros.
Não era amor, eram dois celulares desligados.
Não era amor, era de tarde.
Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.

Não era amor, era melhor.

1 de março de 2010

A bagagem pesa.

Agora entendo quando minha tia disse:

"Tu tem quase 20,
mas a bagagem que tu carrega te faz parecer ter 30".





Depois de hoje devo dizer que ela, infelismente, tem razão.