15 de maio de 2014

Exagerado.


Nós somos os que se doam demais. Não endurecem. Não desistem.
Somos os que escutam repetidas vezes a mesma música, no volume máximo, só para lembrar mais uma vez. Só pra doer mais um pouquinho.
Somos os que sentem tudo. Que querem muito. Que buscam mais. 
Intensos por natureza, atirados por conveniência, loucos para viver. Que caem de cabeça e não medem a altura do tombo.
Os que não medem esforços, metem medo, enlouquecem e não se entregam.
Somos o extremo do extremismo, verdades universais e lágrimas que não cansam de cair.

Estamos aqui, de pé, outra vez. E se necessário, após cair, o faremos mil vezes. Só pra sentir de novo, só para sonhar mais um pouco, só pelo prazer da ilusão. E nos entupimos com verdades inventadas que facilitam nossas vidas e ganham nossos corações. Depois os partem, em mil pedacinhos. Mas tudo bem, a gente já se acostumou a vê-los espalhados pelo chão.

Temos paixão pelo que queima, pelo que inunda, pelo que faz fluir. Por tudo que nos causa reações. Por tudo que nos toca e nos encanta e nos ganha. Sempre para sempre. Porque até amanhã não dá tempo. Porque semana que vem já passou. E nós não vemos a hora de provar que finais felizes realmente existem.

Dói, é claro. Mas passa. Depois de muitas noites embriagados. Depois de mil viagens para dentro e para fora. Depois de um novo amor... Passa. E somos outra vez novos em folha. E estamos prontos para cometer os mesmos erros.

A gente não se importa. Não liga mesmo. Nós somos livres, indiferentes ao tempo, mais fortes que o medo. A gente faz e acontece dentro de nós mesmos. Não precisamos provar nada para ninguém. E continuamos buscando algo que ainda não conhecemos, mas sabemos ser o que nos consolará.

Porque é isso que queremos: colo e consolo. Maiores abandonados, sedentos de sentimentos. Apaixonados por dramas baratos, que choram com filmes aos domingos. E fariam qualquer coisa para ter com quem, carinhosamente, dividir a pipoca e o chocolate. Dividir os sonhos e o medo. A cama, a casa e todo o aconchego. Doando, de bandeja, o coração.

E pedimos perdão sem vergonha. Passamos por cima dos rastros de orgulho. Olhamos para trás quantas vezes for necessário. E não, não somos dignos de pena. Somos dignos, na verdade, de todas as honras. Pois somos verdadeiros. Somos maiores que o que nos é imposto. Somos amor e exagero, da cabeça aos pés, sem culpa ou medo.