14 de março de 2009

Toma o fogo. Acende o teu cigarro!



Era meu último cigarro. Eu precisava aproveitá-lo, talvez essa fosse também minha última lembrança de você.
Dali em diante eu evitaria teu cheiro e deixaria de desejar nossas intensas noites de amor (?). Que noites!
Jamais a sintonia será tão boa quanto foi com você. Jamais o prazer será tão verdadeiro! Você, assim como esse cigarro, é único.
Voltei a roer as unhas, mas essa será a última noite, em um mês elas estarão grandes novamente, diferentes do nosso amor, que só tende a diminuir.
O que eu vou fazer quando isso acontecer? E quando chover, como devo agir? Fazer amor com você era ainda melhor com o barulho da chuva, ou ainda melhor, debaixo dela.
Eu sei que seu corpo quer o meu, tanto quanto o meu te deseja. Sei também que você jamais viverá nada igual ao que vivíamos juntos. Eram desejo e amor, num misto tão completo que nos entregávamos sem medo, sem pudor algum. Nós nascemos pra nos amar!
Uma hora, quando a saudade em você for tão grande quanto é em mim, você voltará. Não será tarde, jamais será tarde se for pra me entregar pra você e você bem sabe disso.
O cigarro acaba aos poucos, assim como vem acabando o sentimento. Assim como queima o cigarro, meu corpo queima em dor ao pensar em não te ter. Assim como arde o fogo do cigarro, arde em mim o desejo de prolongar tudo, desde o gemido ao suspiro de prazer. A diferença aqui é uma só: O cigarro acaba e pronto! O sentimento não. Do cigarro sobram as cinzas e só. Do sentimento sobra à saudade, a vontade de mais, a lembrança contínua e doída do que foi e não voltará a ser jamais.
Você queimou-me por dentro e por fora, desde o dedo do pé ao último fio de cabelo, ardeu-se em chamas na mesma cama que eu e desejou tão ardentemente quanto eu que aquilo não terminasse nunca mais... Mas terminou. Acabou! A chama continua intacta, porém quem de nós será forte suficiente para reacendê-la?
Eu sinto correr em minhas veias o prazer de você por mim, por nós. Eu sinto vibrar em meu seio a ânsia de nos termos outra vez. Eu olho nos teus olhos e sinto, eu quero e preciso de mais de você.
Não pedirei para que voltes. Ainda que querendo mais um trago, quando ascendi o cigarro sabia, cedo ou tarde o cigarro se apagaria e só sobrariam cinzas e desejos. Aconteceu o mesmo quanto a mim e você.
Jamais um prazer momentâneo foi tão duradouro. Jamais houve tanta vontade que perdurasse. Jamais senti tua mão tocar-me com tanto prazer.
Nós nos tornamos isso, fuga da rotina, loucura por prazer. Dizem que se o desejo perdura, acontece o mesmo com o amor, pois é também disso que o amor sobrevive.
Nem tudo está perdido nesse jogo de cinzas e fogo: Ainda preciso do teu beijo e você ainda precisa do meu corpo. Somos dependentes um do outro, viciados um no outro. Loucos por mais sem saber por que, mesmo sabendo o quanto é bom. E ainda que não passe disso, ainda é bom, é maravilhoso ter você.
Toque-me, me ame outra vez e quando acabar acendamos outro cigarro e saibamos recomeçar. E o cigarro que deveria ser o último... Saibamos torná-lo o primeiro!

5 comentários:

Solange Maia disse...

Adorei.
Bela comparação.
Belo texto.
Senti com você.

Parabéns !

Beijo,

Solange Maia

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

diego disse...

Caraca. O_o
eu só me impressiono cada vez mais quando venho aqui.
:B
De tão lindo que é.
Parabéns Jéssica. pelo seus textos tão belos, sinceros e admiravéis.;*

Deivyd Cavalcante disse...

Legal o texto, gostei das comparações, dos adjetivos que realmente nos fazem imaginar e sentir um pouco desse amor fugáz que vc estava vivendo... muito bom! continue assim!

Vera disse...

Caramba!!

Este texto é da senhorita?

Fascinante.

Adorei a comparação com o cigarro. Perfeita.

É sempre bom recomeçar, e ainda mais sabendo que talvez, no fim, não serão cinzas que restarão.

Abraço.

Thiago disse...

parece ter ainda a pele arrepiada, o coração quentinho e os olhos a brilhar.

lindo que foi.