29 de maio de 2011

O que de melhor vem depois.


E eu te dei um céu, poucas nuvens e todas as estrelas. Você bobo, um tanto apressado, não soube cuidar. Não te culpo, aliás, em partes agradeço, algumas coisas não são pra ser. Agora vejo, depois de tantas vezes ter de enxugar os olhos, que nossos destinos traçados na maternidade romperam o laço antes que ele se transformasse em nó. Um desperdício talvez, nós dois erámos realmente bons juntos. Mas veja, por mais difícil que tenha sido para acreditar, somos ainda melhores separados.
A vida não tem mais tanto drama, embora certamente outro alguém já deva ter chegado na fase 'ligações chorosas pela madrugada', fazendo seu celular tocar como só eu, cheia de expectativas, era capaz de fazer. Bom, ao menos agora o foco é outro e esse, se tiveres sorte, deve ser mais facilmente vislumbrado que aquele criado por nós. Um segundo, uma dúvida: Nós criamos o foco juntos ou eu apenas fiz você olhar pro mesmo lugar que eu? Hoje bem mais sóbria, consigo admitir que eu te sufocava e era um exagero a minha mania de sempre esperar de você muito, mas muito mais, que o que você tinha disponível pra me dar. De qualquer forma parabéns por ter nos dado outro rumo, me forçado a criar um foco sozinha e se superado, criando seu próprio foco, onde não me cabia. Eu e meus borrões, quando tudo que eu queria era ser luz. Talvez eu tenha sido, tanta que te ofusquei! E não fiz por querer, e sim por te querer demais.
Depois de tanto me guardar no teu abraço soltei tua mão e me fiz ir, mesmo contra meus pés, pra qualquer lugar que te tornasse impossível. Não que eu precisasse - você se tornara distante mesmo quando perto, era mais uma forma de testar a boa e velha regra onde o que os olhos não vêem o coração não sente. E sentiu, por muito tempo, até que foi parando aos poucos, depois de todas as agressividades e os 'não' escancarados que eu de cara lavada me dispunha a ouvir, enquanto fingia tapar os ouvidos.
O prometido para sempre acabou e quem prometeu ir comigo aonde quer que eu fosse, ficou pelo caminho. Talvez naquela esquina que por várias vezes foi palco para declarações e hoje, vista de longe, parece ter se tornado uma ponte quebrada entre eu e você, impossível reformar. A vida e suas voltas: nós dois sempre andando em sentidos contrários, e ainda assim sem em nenhum ponto nos reencontrar. Estava escrito em algum livro perdido que não seríamos feitos para durar, mas duraríamos o suficiente para sabermos exatamente o que não ser no futuro, quando a hora chegasse e não houvessem mais chances a desperdiçar com outros rostos e bocas, tão marcantes como foram os nossos um para o outro, mas provavelmente bem mais constantes e racionais.
Depois de sermos o oposto do que esperávamos um do outro, o que fica é claro: Você é bom. Incrível, surreal. Eu também! E somos tão, mas tão bons, que é até injusto ficarmos juntos e não dividirmos todo o nosso brilho com alguém por ai, sem tanto brilho, mas com equilíbrio suficiente pra lidar com a parte difícil de ter alguém tão radiante ao seu lado.

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