11 de março de 2017

Fazendo uma breve visita.


É engraçado ler algo que eu mesma escrevi, cinco anos atrás, e não me reconhecer ali.
Talvez por isso eu tenha deixado de escrever. Fui me dando conta de como tudo é passageiro e assim, sem medo, pude admitir: eu mudei tanto!
Sim, ainda sinto uma necessidade grande de contar coisas sobre mim vez ou outra, de forma despretensiosa, mas não sei... acabo conversando comigo mesma e é suficiente.

Vivo me perguntando em que momento da vida eu deixei a minha intensidade. Onde terá ficado aquela necessidade enorme de amar e me sentir amada? Onde foi parar todo aquele turbilhão de emoções que eu tentava nomear e controlar, na maioria das vezes sem muito sucesso?


Vez outra alguém me escreve pedindo que eu volte. Vez ou outra eu mesma me peço pra voltar. É algo que quero muito até, mas já não me sinto tão segura ao falar do que sou e sinto, de como vejo o mundo e absorvo as coisas. E olha que, trocando em miúdos, cresci bastante nesse sentido. Mas também criei a consciência de que mudo, muito muito, all-the-time. Antes eu tinha a sensação de que era tudo eterno, sabe? Amores pra sempre, dores sem fim, sentimentos inesgotáveis. Hoje sei bem que não é assim, e é bem mais complicado escrever sobre algo que você tem consciência de que amanhã pode já não ser, pode, inclusive, nunca sequer ter sido, mas você escolheu viver mesmo assim.

Não nego que, mesmo assim, escrevo. Tenho alguns muitos punhados de palavras guardadas sobre momentos que eu precisava escrever. Sinto que isso é natural quando se tem esse hábito, mas hoje, e isso talvez seja um pouco bobo da minha parte, tenho medo de compartilhar alguns dos meus pensamentos. Numa época em que as pessoas veem maldade em tudo o que se chega a elas, você começa a podar o que deixa que os outros saibam de ti, pra que não se achem no direito de julgar as escolhas que você faz, pois se tem algo que não muda aqui é que eu continuo dando língua pra quem acha que pode dizer o que é melhor pra mim.

Sim, eu ainda admiro o amor com todas as minhas forças, mas minhas ideias sobre o amor mudaram tanto que, embora ele ainda seja essencial pra mim, já não penso tanto sobre isso ou sobre como é ruim se sentir sozinho. Aliás, vale dizer, hoje eu amo a solidão. Só pra vocês saberem, eu ainda amo. Hoje, talvez, um amor bem mais real e consciente, mas ainda assim amor. Inclusive, aprendi bastante sobre o fato de existirem muitas formas de amar, mas isso é assunto pra outro dia.

Ainda ouço as mesmas músicas, embora, não nego, alguns sucessos atuais realmente mexam comigo. Continuo com aquela queda pelo passado, mas não por fantasiá-lo, como de costume, e sim por lembrar e saber que antes era tudo bem mais fácil. Se soubesse antes o que sei hoje, teria perdido muito menos tempo com os dramas adolescentes e me jogado várias vezes mais atrás dos trios pelas avenidas da vida. Se tem algo que o tempo me mostrou é que essa fase realmente não volta e quanto mais o tempo passa, mais o netflix e minha cama me convencem a não sair de casa. Sinto saudade de quando toda aquela energia me movia, da sensação ingênua de que eu podia tudo.

Ainda me sinto sozinha nos dias de chuva, mas é uma solidão que me acalma. Nesses momentos penso no quanto sou minha, no quanto tive a sorte de viver muito do que sempre me encantou. Nessas horas é que eu consigo me dar conta do quanto eu cresci e do quanto eu sou grata por ter vivido exatamente tudo o que vivi e chegar aqui com a sensação de que as coisas foram exatamente como tinham de ser.

Lembram que eu sempre questionava a vida sobre meu futuro, sobre meu destino, sobre qual seria o meu lugar e a finalidade de tudo isso? Hoje eu sei, sem sombra de dúvidas, que a resposta para essas perguntas é sempre: aqui, agora!

Qualquer hora dessas eu reapareço, já sem todas aquelas certezas absolutas, mas ainda com uma imensidão dentro de mim. Espero que vocês entendam...

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