26 de agosto de 2010

palavras

Talvez eu tenha usado as palavras erradas. Não é como você vem me perdendo, é como continuo pertencendo a você. Como, de alguma forma, continuo pensando em você ainda que pouco a cada dia. Afinal é normal que eu siga em frente, que eu descubra novos telhados e me atire deles, de quantos forem necessários. É normal que a vida continue e que os planos já não sejam os mesmos, é normal que você me perca e eu me encontre em outros braços.
O que não é normal é essa lembrança tão viva que eu tenho de você; e embora eu, mais que ninguém, saiba o quanto é difícil esquecer, é essa lembrança que me surpreende. Como, todos os dias e em horários diferentes, você me vem do nada e não quer ir embora.
Me surpreende estar em outros braços e adorá-los, mas inconscientemente continuar comparando-os aos seus. E me é absurdo como mesmo desprendendo-me de você meu íntimo continue tão seu, intocável, vivendo a tua espera. E tudo em mim que diz que isso não é saudável perde completamente a voz, porque no instante em que tua lembrança me abraça, tudo em mim que pede pra que eu te esqueça simplesmente some e por alguns poucos e incontáveis minutos eu sou tua de novo como se nunca tivesse deixado de ser, o que não deixa de ser um pouco verdade.
Eu tenho de usar palavras que digam o quanto ainda dói, como corrói a alma essa lembrança chata que eu tenho de você, uma lembrança tão viva que parece vida real, parece acontecer toda vez que eu lembro. Eu tenho de falar que lembro mesmo sem querer e pedir pra você alguma receita para que isso pare, porque tem de haver um jeito de fazer isso parar. Afinal por quanto tempo mais vou ter de ser dos outros sendo ainda um pouco sua?
Eu tenho de usar palavras que peçam para que me digas como acabar com essa lembrança que por cinco minutos me deixa seguir em frente, depois volta atrás e não me deixa viver em paz. Sou quase toda minha e preciso descobrir como dar fim ao que em mim ainda é teu.

3 comentários:

Auricio disse...

"Uma lembrança tão viva que parece vida real, parece acontecer toda vez que eu lembro".

É complicado quando sabemos que devemos seguir, continuar e esquecer tudo... O problema é conseguir.

Adorei o texto!


:* (L)

Luna disse...

move on, é tão dificil. é pouco de alguém que ainda permanece vivo na gente, que não nos deixa seguir, não nos deixa pertencer a outros abraços. é esse pedaçinho que a gente tem que cortar fora, exorcizar, pra poder viver em paz.

Letícia Fortes disse...

Jéssica, parabéns pela tua filha =) tudo de bom aí pra vocês...