1 de março de 2012

Da espera.


Quando se ouve falar em espera logo vem a tortura. E é torturante mesmo. As horas que não passam, o telefone que não toca, as notícias que não chegam. E você vive pregando aos quatro ventos que é preciso ter calma, que a paciência é libertadora e que o tempo resolve tudo. E resolve mesmo. Mas saber disso não alivia, só piora. Porque como é que pode o tempo passar pra todo mundo e pra você continuar assim, completamente parado? É tudo muito bonito na teoria, mas precisava ser tão difícil na prática? E ouvir que ficar assim não resolve nada, não ajuda, só te faz sentir ainda mais idiota.
E você se culpa por não ter lido sobre essas coisas. Por não ter praticado yoga. Por não conseguir conter a ansiedade. Mas você é só humana e a sua geladeira não foi a única a ser aberta mil vezes nas últimas 24 horas. Claro que você não colocou ou tirou nada de lá, mas que culpa você tem de isso fazer parecer que o tempo passa mais rápido? 
E você não suporta mais olhar o relógio de cinco em cinco minutos quando o espaço entre eles parece uma eternidade. Então você se promete que é a última vez, até quebrar a promessa e, com raiva, notar que as últimas duas horas foram apenas míseros dez minutinhos. E diz, com força e crença, que agora é pra valer. A gente sabe que não será, mas também não há nada que possa ser feito. Essa é a pior das torturas. Pior que isso: é involuntária.
O telefone continua sem vibrar. A mensagem não chega. A campainha não toca. E você, que só queria uma resposta, bem sabe que cada segundo sem novidade é uma resposta evidente de descaso. Cada dia sem atitude é um fato da falta de interesse. Todas essas coisas que as revistas femininas bem explicam, mas que a gente, por burrice ou orgulho, finge não saber. Quando não só sabe, como sente. E dói. Dói a espera, a não resposta, a não verdade. Mas você tá lá, firme na luta. Garota que não sabe nada do equílibrio, mas que acredita que na hora certa o amor chega, o amor volta, o amor vem. E acredita mesmo nisso, mas não consegue entender porque tem de demorar tanto. Seria bem mais fácil sem todo esse drama. E volta a olhar pro relógio, a notar como as horas não passam, a sofrer com o dia que não chega. Quando você nem sabe que dia é. Mas sabe que vai chegar, porque chega pra todo mundo. Ao menos é o que dizem e, fora a agonia da espera, é tudo que você sabe.
E não há nada mesmo que ser esperado. Você nem deveria ter criado expectativas. É isso que as pessoas dizem, é isso que você diz a si mesma. E no fim das contas ainda consegue gostar do frio na barriga. Mesmo que não seja fácil, sabe? Mesmo que a resposta nunca venha e seja esquecida em meio à novas perguntas. Mesmo que a espera não dê em nada e deixe de doer simplesmente porque já doeu demais. Sem nenhum fato impactante, sem nenhuma grande mudança. Quando esperar cansa, porque uma hora isso acontece, e você sente as horas voltarem a passar normalmente. Como que por encanto. Como se a vida estivesse de sacanagem.

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