14 de setembro de 2012

Com calma a gente chega lá.


Quanto maior o número de ligações, maior o número de pessoas em fulga. Não fora uma ou duas vezes - vi gente fugir de relacionamentos bem mais vezes que o que eu fui capaz de contabilizar. Gente que, num primeiro momento, entrega até o que não tem, mas foge ao notar o outro se doando mais que o normal. Gente que vive dizendo que quer encontrar o amor da vida, mas tem um medo imenso de ser isso pra alguém.

Não vou dizer que é absurdo. Eu mesma já fiz isso um bom bocado de vezes. Muito mais por saber que o outro lado não tinha pra oferecer o que eu queria receber, que por medo de sentimento exagerado, verdade seja dita. Mas, ainda assim, fugi. Deixei de responder mensagens, de atender ligações, de puxar conversa ou aceitar convites. Como qualquer pessoa nessa situação, que sabe o que não quer, mas tem receio em falar porque conhece muito sobre rejeição e seus efeitos colaterais nada agradáveis.

Pessoas intensas assustam. E digo isso por experiência própria. Vai tudo muito bem, até a outra pessoa decidir que você precisa saber que ela não sabe mais viver sem você. Até outro dia ela nem te conhecia, veja só. E você, que mal sabe lidar com os sentimentos que traz dentro de si, quer curtir a companhia um pouco mais, mas sabe que se continuar as coisas não serão mais tão prazerosas como antes. Isso porque não há mais a leveza de outrora. Pouco, agora, pode parecer muito mais que o que realmente é. E diferente do que tendem a dizer futuramente, você não quer enganar ninguém.

Intensidade faz as coisas parecerem enormes. E coisas enormes pesam. De repente ligar deixa de ser normal e passa a ser um risco. Nunca dá pra saber como o poço de intensidade irá interpretar. Gente que cai de cabeça tende a embelezar tudo, que é pra não ter medo de arriscar. E não faz por mal, é claro. Mas acaba atrapalhando o andamento das coisas. Não que seja errado se dizer apaixonado caso você realmente esteja, mas sutileza ajuda muito. E ajuda mais ainda se você não contar isso como se a outra pessoa tivesse obrigação de corresponder.

Então a pré-disposição pro que poderia vir a ser alguma coisa no futuro, vai sumindo. A gente nunca tá pronto pra adentrar num mar de forte correnteza. A gente sente medo e é completamente normal. Do outro lado o ser intenso nos intitula "canalhas" e outros termos capazes de definir a pessoa que teoricamente brincou com seus exagerados sentimentos. Parece sempre um absurdo quando alguém não está pronto pra lidar com os sentimentos alheios. Nós mesmos dizemos isso quando não se trata de relações nas quais estamos inseridos. Mas a verdade é que, entre alguém que sabe a hora de pular fora e outro alguém que se recusa a abdicar da sensação boa que nos causa ser desejados, há uma enorme diferença.

Claro que o ser intenso não é capaz de perceber isso. E é até perdoável. Mas a verdade é que nós nunca estamos preparados pra ser amados. E quando estamos, a coisa não rola. Todas as vezes que se vê um relacionamento começando, acredite: um gosta mais que o outro e esse outro é, antes de mais nada, muito corajoso. E é óbvio que essa coragem não vem do nada. A gente também consegue ver, pelos sinais, quando pode dar certo mesmo que o sentimento ainda não seja muito forte. Na maioria desses casos a outra pessoa não nos atropelou com uma chuva de palavras apaixonadas. Sentimento demais gera recusa e isso é quase inevitável.

Entre canalha que não sabe o que quer e alguém que sabe o que não quer, a diferença é bem grande. Não podemos culpar quem foge por receber bem mais que o que tem pra oferecer. Espelhos estão ai pra isso. Apaixonar-se é bom, faz bem, desde que não super lote a caixa de entrada do outro. Tenho pra mim que o poema que diz "Se tu me amas, ama-me baixinho" discorre sobre a maior das verdades. Sentimento demais assusta. Atenção demais dá preguiça. Depois as pessoas acham um absurdo ver garotas em fulga ou caras que rejeitam ligações. 
Falar baixinho atrai. Sumir, vez ou outra, dá saudade. E dizer verdades, sem fazer delas uma imposição, acaba cativando. Sendo realista, essa é quase a receita pro sucesso, em qualquer tipo de relação.

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