8 de fevereiro de 2012

Um muro e dois mundos ao meio.


A gente acabou construindo um muro pelo caminho, dividindo a vida em duas, se afastando por completo. Daqui não vejo nada do que te acontece e nem sei o quanto isso é capaz de me fazer bem ou mal. Talvez te ver feliz aliviasse um pouco do incompleto que ficou, mesmo sabendo que eu queria mesmo era que compartilhassemos da mesma saudade e nostalgia, porque desse lado do muro as coisas andam um pouco complicadas e, você sabe, nessas horas eu bem queria poder te ligar e ouvir você dizer que as coisas ficarão bem, mesmo não sendo verdade.
Enquanto respondo mensagens que não são suas, e correspondo a olhares que não são seus, ainda olho pro relógio quando vai dando nossa hora e penso em dançar com você quando toca nossa música. Não é mais amor, nós bem  sabemos. Deve ser a coisa bonita de que falam. O tal do sentimento nobre que fica depois que o amor vai embora e só manda lembranças. Não sei que nome eles dão, mas me faz querer te abraçar quando te encontro pela rua e quase solto um grito dizendo que é mentira quando você me pergunta como estou e eu respondo que vou bem. Acabo sempre disfarçando muito bem.
Quanto será que ainda existe de mim ai do teu lado? O muro consegue resistir, então não deve ser muito. Espero ter me tornado uma lembrança boa ou, quem sabe, uma saudade bonita. Se não for nada disso eu entendo, também guardei mágoa por um tempo, mas passou pra mim e vai passar pra você também. Quem sabe então as noites que dormimos juntos virem um sorriso perdido em meio ao caos dos teus dias. Devo um dia virar memória bonita, sei que sim. Como os dias em que deitamos juntos numa rede e vimos novela, nos beijamos apaixonados, pegamos no sono. Lembro de como você ficava me olhando enquanto eu ria das besteiras na tv, tão concentrado... até cair no riso e dizer que sou muito besta por rir de tudo. Acabávamos sempre rindo juntos e era tão fácil, tão indestrutível, tão sólido quanto esse muro entre você e eu. O muro vai acabar desmoronando, sabemos disso.
Ainda me pergunto como as coisas ficaram como estão hoje. Em que lugar nosso plano deixou de ser nosso e passou a ser só meu? Vivo querendo entender como nos perdemos quando tudo o que queríamos era continuar juntos e não ver a vida passar longe do outro. Qualquer dia desses, quando o muro desabar, talvez a gente olhe pro que temos juntos, traços meus e seus, o que se concretizou de tudo que sonhamos... Quem sabe a gente converse com leveza, como antigamente. Vai ser bom ouvir tua voz sem toda a tensão que vive nos rondando, quando percebo você ponderar cada palavra. Vai ser bom poder falar sem medo e te ver ser o mesmo de antigamente, quando dormir abraçado ao outro era a melhor parte do dia.

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