14 de abril de 2011

A arte de cuidar.

A pior parte não é a falta que a presença me fará, claro que essa dói notoriamente, mas dói bem menos que uma outra. Dói bem menos que a dor de não ser presença. É suportável conviver sem contar da sua vida, sem dividir os problemas, sem encher a outra pessoa com informações do seu dia, pra isso você tem o irmão, amigos, cachorro e até as vizinhas, não que nenhum seja tão bom quanto um certo alguém em especial, mas são boas companhias e com isso diminuem a dor da ausência. Mas e a ausência de ser presente? A ausência de informação, o não poder ligar pra perguntar sobre o dia do outro, não ter o direito de se preocupar com alguma eventual doença, não ter o direito de cuidar quando forem necessários cuidados especiais que só você sabe dar... Essa ausência, como suprir? Porque embora seja bom ter alguém especial, consegue ser ainda melhor se saber especial pra alguém, saber que outra pessoa só consegue ser feliz com você e só quer se for seus cuidados. Saber que em algum canto a essa hora tem alguém pedindo aos céus para que o telefone toque e seja você, para que a campainha toque e possa encontrar seus braços. É bom saber que a gente é pra alguém a mesma coisa que essa pessoa é pra gente, que a necessidade é mútua, que o carinho tem a mesma intensidade e que o sentimento cresce e se fortalece por ambas as partes.
Há quem prefira ser cuidado, quem prefira ser ligado, quem prefira ser procurado e por isso deixa de fazê-lo, mal sabe que a coisa pra crescer tem que ser feita dos dois lados, que planta pra florescer precisa que tanto a chuva quanto o sol façam seu trabalho, que amor pra ser verdadeiro tem que ser à dois, dando e recebendo. Não abro mão de um bom carinho, de uma ligação na madrugada, de flores num sábado pela manhã e acho absurdamente lindo o homem que consegue ser romântico, mas sou desse tipo de excepção que sente saudade e não tem medo de ligar e contar isso, do tipo que gosta de lembrar a outra pessoa que ela é amada e especial, que gosta de dar cafuné num domingo pela manhã e que não abre mão de dar remedinho quando o outro está doente. Sou do tipo que não quer perder alguém especial e não tenho vergonha de admitir isso, porque receber é maravilhoso, mas eu prefiro que isso aconteça da forma mais natural possível, sem joguinhos ou medição de forças do tipo "quem aguenta ficar mais tempo sem ligar?". Sou romance à moda antiga, sem sufocar ou ocupar espaços que não me cabem, mas o que me é permitido, o espaço que é meu de direito, o que faz bem ao outro me fazendo bem também, disso não abro mão!

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