4 de março de 2010

Desencontrando, outra vez.



Acho que o que me faltou foi ser antiga.
Faltou não gostar dessa coisa louca e apaixonante, chamada liberdade.
Não que eu devesse estar presa a você, não é isso. Mas eu deveria ter me sentido livre ao seu lado, ao invés de ansiar como louca pela hora que você fosse embora, pra que assim eu pudesse ser eu mesma. Porque eu não sou ligada à família, não me satisfaria com a bela casa branca e você dentro dela fazendo de conta que era um final feliz. Não! Eu não me satisfaria com algo tão normal, e você sabe disso.
Talvez eu devesse ter sido menos eloqüente. Porque eu amava você, eu o amava muito, mas não mais que a minha liberdade, não mais que ao mundo de planos inconstantes que eu me acomodei a ter. E talvez eu ainda o ame, só um pouco ou muito e disfarçadamente, quem sabe... Já não sei de muita coisa. Talvez eu vá amá-lo para sempre, mas isso não vem mais ao caso.
Me faltou muito do que você procurava em alguém. Me faltou muito do que eu queria ser para alguém. Acho que eu só ainda não estava preparada e continuo sem estar, porque mesmo o querendo de volta, continuo apaixonada por tudo aquilo que na verdade não me pertence, não pertence a ninguém. O que faria de você, caso voltasse para mim, algo nada apaixonante.
Daqui a uns dez anos quem sabe, talvez nunca ou por pura malandragem do destino, no mês que vem. Na semana que vem. Mas seria bom reencontrar você. Sem aquelas palavras duras, sem aquela necessidade de olho no olho, sem cobrança da verdade. Um encontro leve, como costumava ser, quando ainda brincávamos de nos amar de verdade. Um encontro sem os beijos quentes, sem o sexo louco, sem as brigas chatas. Um encontro apenas. Um encontro de poucas palavras. Um encontro de poucas palavras, mas cheio de verdades ditas por vontade e não por cobrança.
Um encontro que provavelmente nos surpreenderia: Eu antiga. Você apaixonado pela liberdade.
Entende?
Eu também não.
Porque continuo sendo a mesma. Continuo ansiando o desconhecido, continuo buscando a liberdade, mas aprendi a ser antiga. Quase uma relíquia. Uma relíquia tão tardia a ser encontrada, que perdeu o valor. Passando a ser só mera antiguidade desapropriada aos dias atuais. Vim crescer tarde demais.
Mas sempre fora assim, eu e nossos encontros às escuros: Sempre chegando atrasada. Tudo bem, hoje me ver chegar no horário certamente te deixaria entediado. O desencontro continua sendo nosso melhor remédio, porque buscamos tanto a mudança e veja só, quanto mais mudamos, menos nos pertencemos. Quem sabe um dia aprendamos a usar isso a nosso favor. Quem sabe...

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