26 de setembro de 2011

Do que pode vir a ser. Ou não.



Quando decidimos ver um filme juntos as coisas ainda não pareciam tão grandes. Então você pediu pra que víssemos meu filme preferido, com a intenção de descobrir mais sobre mim. Eu, ainda sem perceber o erro, disse de cara, 'Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Nem me dei conta que logo você saberia o quanto, mesmo tentando provar o contrário, eu sou frágil. Nem notei como era cedo para que você percebesse isso. 
Então veio minha cena preferida e enquanto ouvia Joe dizer, cheio de desespero: "Me deixe ficar com essa lembrança. Apenas essa", as lágrimas vieram sem que eu me desse conta. Lá estava você, os olhos serenos, secando meu rosto. Voltei a ser pequena e fiquei ainda menor quando você sorriu bonito pra me ver sorrir também.
Seus pés tocaram o meu e enquanto eu te explicava o filme, que você não entendeu, me senti tão segura. Até um segundo depois, quando mil pensamentos me vieram a cabeça e senti medo. Um medo absurdo do que estava acontecendo. Foi a primeira vez que consegui fazer duas coisas ao mesmo tempo. Você nem notou o quanto eu estava assustada, mas ainda assim me abraçou e começou a dar sua visão do filme. Enquanto você falava tentei colocar os pensamentos em ordem. As últimas semanas haviam sido maravilhosas... Era ótimo ouvir sua voz no telefone. Meu sorriso, percebia agora, ficava iluminado quando você dizia sentir saudade.
Então me dei conta do quanto os dias, com sua presença, vinham sendo fáceis. Não é como se eu não conseguisse viver sem você. Eu estava ótima sem você, mas com você fiquei melhor ainda. Tanto tempo sem conseguir falar sobre as coisas mais absurdas, até você aparecer e me fazer contar todos os meus segredos. Ver você me deixava alegre. Ter você me fazia um bem danado. E quando você foi embora, depois de passar horas me beijando, deitei na cama e pensei em como as coisas estavam.
Depois de anos sem sentir nada, havia sentimento. Não tão devastador, não tão gigante. Mas um sentimento bom, calmo. Um sentimento de doação, de verdade. Depois de quase esquecer o que era sentir, eu senti você e não doeu. É como querer você, mas saber abrir mão se for necessário. É como amar sua presença, mas gostar de sentir sua falta. E eu não consegui encontrar nenhum nome que traduza isso. Nenhuma palavra que simplesmente venha e explique. Não é paixão. Nem amor, ainda. Mas me faz um bem enorme. E me faz sentir forte, mesmo com medo. Talvez você simplesmente suma e não há nada que eu possa fazer. E se eu pudesse fazer um pedido agora, eu pediria que você ficasse. Não pra sempre. Mas mais um pouco. Quem sabe até a gente descobrir onde isso vai dar. Quem sabe até você sentir o mesmo. Até quando isso continuar me fazendo tão bem... E você, com esse seu jeito inquieto, continuar aquietando esse meu coração tão bobo.

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