15 de setembro de 2011

New.



Tenho evitado as músicas antigas, alguns lugares repetidos também. Com excessão de algumas pessoas, tenho realmente me focado no novo. Novos ares, sabe? Acho que não custa nada acreditar na filosofia barata de que o novo sempre resolve, ou ao menos acalma. Vez ou outra é mesmo preciso desempoeirar a vida, abrir mão do velho, conhecer sabores.
Músicas novas tocando na minha playlist e tem sido ótimo! É como uma agenda que a gente compra no início do ano e precisa encher de memórias, dar sentido às datas, usar muitos novos adesivos. Tenho uma playlist inteira pra encher de vida, sabe o que é isso? Muitas músicas pras quais dar sentido, nas quais botar saudades. É vida nova, histórias do começo, mil oportunidades. Sem dor ou peso algum. Sem nenhuma perda pela qual chorar. Nem sei bem como consegui, mas é revigorante sabe? Dá até certo orgulho!
Mudei o caminho que seguia diariamente pra chegar às minhas obrigações diárias, pintei as paredes do quarto e venho lendo livros de autores desconhecidos. De repente me bateu essa necessidade, uma vontade enorme de ser nova, pra ser inteira, pra me doar. E por incrível que pareça, não sinto saudade alguma do que eu costumava ser, nem das coisas que já nem me pertenciam e eu fazia questão de aprisionar dentro de mim... Todas as gavetas estão vazias, sonhando com meias novas e bastante movimento.
Com essa coisa toda de varrer a sujeira a gente até meio que se camufla. Um achado aqui e o coração pula, outro achado ali e os olhos ficam cheios d'água, no fim do dia a gente já até acostumou e consegue até sorrir das lembranças. Depois que a dor vira piada fica muito fácil fazê-la ir embora e não demora muito até se estar vazio de qualquer outra coisa que não seja a esperança. O sorriso não deixa de denunciar que já é possível começar de novo, os olhos não fazem a mínima questão de esconder os espaços da alma que precisam de mobília nova e bons sentimentos.
E o coração? Ah, o coração tá uma beleza que só vendo. Espaçoso, arejado e louco pra bater acelerado, mas bem paciente. Sem aperto nenhum, sabe? Como se jamais tivesse sido o coração amarrotado de outrora, com um amontoado de coisas já sem valor algum. Engraçado como ele anda bem humorado e caloroso, tá tinindo, nem acredita que vai poder sonhar outra vez e já conta as horas, mesmo que vez ou outra acabe disfarçando. De repente tenho a sensação de que posso qualquer coisa e de que a próxima história de final feliz será a minha, sem muita expectativa, mas bastante força de vontade. E o coração tem sentido que eu posso, tem me dado a maior força, outro dia enquanto eu procurava músicas novas pra tocar no carro tenho quase certeza que ouvi ele dizer, confiante e baixinho "Paixão agora? Só se for nova, novinha em folha", e eu nunca vi meu coração tão cheio da razão.

Um comentário:

Lari Reis disse...

Enquanto você se foca no novo, eu me sinto saudosista. Talvez, porque, eu tenha vivido muito o novo nos últimos tempos e o passado às vezes faz falta...