6 de dezembro de 2010

arquivo salvo em 24 de fevereiro de 2010


Eu não deixei de amar você, nós sabemos disso. Não se deixa de amar o amor da sua vida, a pessoa pra quem você se entregou por inteiro, a pessoa que te teve na mãos. Não, eu não deixei de amá-lo. Eu aprendi a amá-lo ainda mais. Aprendi a amá-lo tanto que entendi que a sua felicidade, infelizmente, não é como a minha. Ela não está comigo, assim como você.
Dizem que o amor verdadeiro é o não correspondido, dizem que dura  para sempre e bem, eu não duvido. Embora já não chore a tua ausência, já não lamente mais a distância entre nós, continuo reconhecendo teu perfume, sabendo tudo a teu respeito e guardando muito do pouco que ficou de você em mim. Só que agora minha memória é consciente: Já não tento ver nas entrelinhas, já não tento adivinhar teu pensamento em determinado momento, já não me preocupo se foi ou não de verdade. Eu fiz minha parte, você a sua, o destino não nos quis juntos, já  não há nada que possa ser feito.
Ambos aprendemos a viver um sem o outro, deixamos que a saudade fosse virando amiga, deixamos que a lembrança fosse sendo suficiente, deixamos que o medo e a desconfiança tomassem o lugar de sentimentos outrora bonitos. Deixamos que o orgulho fosse sendo sempre mais forte. Não que nós quiséssemos isso, apenas não podemos lutar contra, já não havia muita escolha. Foram tantos os acontecimentos: Eu perdi a fé. Você não quis ficar.
E olha o que me resta, escrever uma união de palavras que não fazem muito sentido, pra que você leia e pense: "É sobre mim, ela não me esqueceu", enquanto você continua visitando meu mundo às escondidas, manhã ou outra, na esperança de que eu jamais fique sabendo ou de que eu saiba e assim demore mais a te esquecer. Já não sei mais interpretar você.
O bom é que com tudo isso estamos bem. Já não dói saber um do outro, já não machuca a dor da perda. Acabamos por nos acomodar com a  felicidade alheia ao outro e o pior é que ela realmente nos satisfaz e talvez seja assim mesmo que deva ser nosso final, meio melancólico, pra que seja bonito. Eu continuo o amando, às escondidas, da minha forma meio errada e assim, de certa forma, cumprimos sem perceber a nossa promessa de que seria pra sempre. Você  calado no seu mundo, observando o meu. Eu, como sempre, falando muito mas não com a voz e sim com essas letras embaralhadas que continuam te trazendo aqui e me ajudando a falar com você sem que você perceba, sem que ninguém saiba, sem que o mundo veja.