18 de outubro de 2012

Perfeitamente imperfeito.


Aqui estamos nós: seres imperfeitos esperando pela perfeição do outro. Nós que choramos sem motivo, brigamos por tédio, reclamamos pra passar o tempo, sentimos ciúmes algumas vezes sem sentido. Nós que nos conhecemos como ninguém e por isso bem sabemos que alguns defeitos nossos são realmente bem difíceis de aturar. Mas continuamos crédulos de que há um ser por aí que nos merece e que, por tanto, deve ser íntimo da perfeição. Merecemos, no mínimo!, perfeição. É o que pregam que a gente deve achar.
Qualquer dia desses, quando errarmos, nos pegaremos pedindo desculpas. Qualquer hora dessas diremos que, se estivéssemos no lugar do outro, tentaríamos entender. Seres falhos que somos, diremos coisas sem pensar, tomaremos atitudes precipitadas, faremos escolhas erradas. E esperaremos, principalmente nesses momentos, que haja alguém capaz de nos entender e perdoar. Alguém capaz de nos amar independente disso. Olha nós, seres imperfeitos querendo receber mais que o que temos pra dar!
Se cometemos erros, é normal que o outro erre também. Se há amor, há perdão. Se há diferenças, alguém vai ter que ceder. E é então que, se pararmos para pensar, perceberemos que estamos fazendo a busca de forma errada. É a imperfeição que queremos. A imperfeição que nos complete e nos entenda. Alguém que tenha defeitos perdoáveis e cometa erros aceitáveis. É impossível acertar sempre. E deve ser um filme de terror conviver com alguém que, de tão perfeito que é, vê defeito em tudo que fazemos.
Quem ama briga mesmo. Mete os pés pelas mãos vez em quando. Tem medo de perder o outro e, por conta disso, age de forma impensada algumas vezes. Quem ama quer chamar atenção e por vezes não sabe direito como fazer isso, mas passa por cima do orgulho ferido e sabe a hora de pedir desculpas. Quem gosta pede desculpas com uma frequência um pouco chata, por ter medo de ser mal interpretado. Mas quem ama de verdade sabe que não precisa pedir desculpas o tempo inteiro, porque o outro entende seus defeitos. Amor de verdade é exatamente a aceitação da pior parte. Amar alguém que não erre nunca deve ser muito fácil, mas a gente nunca vai poder ter certeza disso porque pessoas sem erros não existem. E se existirem devem saber muito pouco da vida, devem ter muito pouco para nos acrescentar. As melhores pessoas cometeram erros para aprender a acertar.
Vamos encontrar alguém que nos acrescente quando soubermos que um bom diálogo resolve a maioria das diferenças. Quando percebermos que o amor está intrinsecamente ligado ao dom de perdoar. Quando soubermos ver além das falhas: porque é lá no íntimo que se esconde o melhor e o pior, e não no que os olhos podem ver e as más línguas julgar. Perfeição no quesito amor é, antes de mais nada, a troca. Acrescentar para ser acrescentado. 
Perdoar tudo não é amar, bem sabemos. Não é por termos defeitos que nos doaremos pra alguém que viva de erros. Mas há sempre um equilíbrio: alguém que erra, mas sabe como concertar. Alguém que tem defeitos proporcionais às qualidades. Alguém que sabe exatamente a hora de parar, pra não passar do ponto e correr o risco de machucar. O ser capaz de nos fazer feliz é aquele que, independente dos erros que comete, se preocupa em nos manter bem, em manter o amor bonito, em fazer a história durar. E erra, muitas das vezes, tentando acertar.
Há sim por aí alguém perfeito pra gente, nas imperfeições. Alguém que a gente vai amar ver a carinha de arrependimento. Alguém que compensará a briga com amor em dobro. Alguém que nos amará independente dos nossos defeitos e quando menos merecermos. Quem se ama e se aceita do jeitinho que é, sabe que isso é o suficiente pra qualquer amor ser bonito e duradouro. Aceitemos o outro então, com todos os defeitos e qualidades que ele tiver. Aceitemos o drama dos amores reais, porque felizes para sempre só existe em conto de fadas. Quem quer amor tem que saber: Nem só de flores se faz um romance. São os tropeços no meio do caminho que fazem as histórias mais bonitas.

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