24 de outubro de 2010

Chuva que bateu na janela.

Tem chovido por aqui. Não como na nossa época, água torrencial. Hoje são mais trovões que água, mas a água que cai certamente daria conta de banhar nosso amor. 
Já te disse, não é? Mas repito: Sempre que chove a saudade dói bem mais, mesmo que não doa. É que o frio toma conta de todos os meus dedos, que costumavam estar aquecidos só de tocar teu corpo. Hoje desligo o ar-condicionado - sem você fica impossível que junto das gotas d'água caiam gotas de suor e o frio toma de conta. O jeito é me esconder embaixo do cobertor e dar como certo que é melhor o cobertor que nada, embora algumas vezes nem seja.
Entre uma música e outra de Caetano vou ouvindo versos nossos e as gotas que caem parecem pedir por nossos corpos. Vieram tarde demais; perderam a festa! Hoje só o que encontram é minha janela de vidro que as deixam ver minha solidão imensa numa cama de solteiro que mais parece king size e um cobertor imenso que até tenta, mas não chega nem perto de ter teu calor. Fica então o fiozinho de memória gritando algo na cabeça sobre o tempo que passou e parece ter sido ontem, deixando claro que eu esqueci muita coisa e outras até nem parecem ter existido, mas do teu corpo eu lembro. E não por desejo - não te queria pra mais que me aquecer hoje, e sim por saber que embora não sejam visíveis, ele também tem marcas da nossa história, talvez até mais que esse meu fiozinho de memória que vez ou outra não me deixa em paz.
E eu poderia até fazer promessas, mas já passei da fase em que se diz mais que o que convém - não prometo nada que eu não possa cumprir. Qualquer dia chuvoso desses talvez seja outra corpo que me aqueça e talvez até me aqueça mais que você, mas de qualquer forma lembrarei com carinho de quando fogo e gelo eram solução para nossos problemas. E depois, não muito depois, vou deitar no lado da cama que você costumava ocupar e cantar baixinho "Não me deixe só aqui, esperando mais um verão".

2 comentários:

HARDMAD disse...

Acho que deus criou os dias chuvosos e frios, não para os apaixonados, mas para inspirar os solitários artistas...
Esse seu texto me lembrou muito meus dias de tristeza, mas acho que todos nós já tivemos dias assim. E viva as fábricas de cobertores.

Giselle Trindade disse...

ola
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