18 de agosto de 2012

Da série: Nem vem que não tem!

Na tua vida não tem espaço pra mim e eu nunca fui de me conformar com meio lugar pra ocupar. Sou espaçosa, te disse. Deixei bem claro que te queria inteiro, porque não sei me doar em metades. O embrulho vai completo: papel bonito, laço, dramas e sorrisos. Quero o mesmo em troca, tudo muito justo. Nada morno. Sem meios termos, sem relação meia-boca.

Depois você não entende do que eu tô fugindo. Parece não saber que sentimento raso me dá medo. Amar independente das incertezas, vá lá. Mas amar com prazo de validade não! Me recuso. Não sei lidar com palavras ensaiadas e data marcada pra sentir saudade. Não sei e não quero aprender. Passei tempo demais redecorando meu coração pra deixar que ele seja ocupado por um prazo. Não quero prazos, quero que dure. Desde o beijo ao pós-briga. 


Não sei agir como se seus pedaços fossem bons. Quer dizer, bons eles são, até admito. Mas não são o suficiente. O pedaço de você que sobrou pra me levar num jantar no sábado não vai durar até a manhã do domingo, quando você estará inteiro no futebol. E seu pedaço que saiu comigo na última sexta-feira não será suficiente pra que eu queira ficar até a segunda. É bom, mas é pouco. É pouco demais diante do que eu tenho pra te oferecer ou do quanto me vejo entregue todas as vezes que passo horas procurando uma roupa que evidencie a minha curva que você tanto elogia. Relógio na parede me dizendo claramente que o tempo não vai passar até que você chegue. 


E ao chegar, em meio ao tempo que agora parece correr, você tem sempre ligações demais para atender, mensagens infinitas para responder. Fez boa distribuição dos pedaços, certamente. E eu ainda tento contabilizar os teus sorrisos e descobrir se algum deles é só meu, se há algo em você que me pertença de verdade. Antes que a verdade se torne ainda mais evidente, teu relógio diz que é hora de ir embora. Sempre cedo demais pra que eu me entregue e tarde demais pra que você possa ficar mais um pouco. Estamos em frequências diferentes e o relógio continua sendo nosso maior vilão, embora não o único. 


E tudo em você se torna previsível. Calmaria insuportável. Tédio sem fim. As ligações têm minutos contados e o corpo é morno. Falta fogo no beijo, falta me deixar sem fôlego. O tempo é curto demais e a espera muito longa. Espera nunca compensada. Desculpas esfarrapadas. Tudo bem drama de folhetim das sete. E você secretamente achando que estou ficando muito exigente.


E te ouço reclamar dos passos que dou pra trás, quase acreditando que quer mesmo fazer andar pra frente. Mas é de "quases" que um relacionamento meia-boca se faz. Porque quem quase chega, me deu um bolo. Quem quase me amou, voltou pra ex. E eu quase me apaixonei por você, mas meu quase ainda é muito mais que o que você quase chegou a merecer.

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