27 de fevereiro de 2015

Hello, Stranger.


As pessoas cometem erros.
Elas se perdem, metem os pés pelas mãos. Sentem medo, erram o caminho, não encontram a saída.
As pessoas são como você: estão tentando se encontrar.
Ainda que você as ame, que tenham um bom coração. Todos nos descontrolamos vez ou outra. Não há nada de absurdo nisso. Não há nada no outro que você não acabe por reconhecer, ainda que muito pouco, em você.

Não olhe assim, não aponta esse dedo. Não usa esse tom de voz, não seja tão severo.
Você alguma vez olhou para os lados e não soube o que fazer?
Em algum momento quis recomeçar, mas não soube por onde?
Você já sentiu como se o mundo inteiro estivesse ocupado demais para entender o que você sente?

Então... Você é humano. Há um coração batendo aí dentro.
Você é carne, osso, escolhas e consequências.
Você não é de todo mau, nem de todo bom. Você não é mocinho ou bandido.
Você é, terrivelmente, humano.

Então não espere perfeição do outro, não torça assim o nariz pro comportamento alheio.
Você não sabe das dores dele, não sabe do caminho que tem percorrido seus pés.
Você não sabe de nada, conhece muito pouco, não está preparado para lidar com o peso que está agora em outros ombros.

Todos nós temos nossa parcela de culpa.
Todos nós temos demônios com os quais dormimos e acordamos, diariamente, tentando nos salvar.
Todos estamos, antes de mais nada, lutando contra nós mesmos e nossos sentimentos confusos, lugares sombrios, histórias complicadas. Somos todos um amontoado de acontecimentos interligados que, no fim do dia, rezamos para que façam algum sentido.

Eu sou a garota que foi julgada e condenada por beber demais na semana passada.
Sou o garoto que foi humilhado ontem à noite.
Eu sou todas as crianças que sentem medo, sem ter um lar para o qual voltar.
Eu sou a mulher que apanha do marido e tem vergonha das amigas.
Sou o homem que bebe todas as noites tentando não sentir o peso do fracasso.
Eu sou muitas dentro de mim, sou milhares ao redor do mundo, igual a todos os que me cercam.
Eu julgo, me precipito, não revoluciono. Eu sofro, choro sozinha e comemoro minhas vitórias como se o sabor delas fosse durar para sempre.
Sou só mais uma na multidão dos que caminham apressados demais para chegar ao próximo encontro. Estou sempre muito ocupada para ouvir, mas tenho tempo de sobra para julgar. Eu nunca estou preparada para perder, mas não dou a mínima e, as vezes, até gosto quando o outro não consegue o que deseja. Eu nunca mereço ser comparada ou o motivo da piada, mas compartilho as fofocas que leio e tenho sempre um dedo em punho preparado para ser apontado diante do rosto daquele que cometer o primeiro erro.

Não importa o quanto você caminhe, se estiver sozinho nunca irá longe. E tanto faz o que você pensa a meu respeito, você jamais conseguirá ser melhor se não puder lidar com o pior que existe dentro de você.
Vistos de longe somos todos perfeitos. Só de muito perto é que vê-se a verdadeira face - ou de dentro, quando se tem coragem.
A vida não é sobre estar sempre certo. A vida é sobre cometer erros e conseguir reconhecê-los antes que eles nos aprisionem.

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